Por quê o Clipper Nº1 deve ser da década de 1930?

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Há uma certa teimosia, o que obviamente não é acadêmico, em afirmar que o Clipper da foto, o revelado nº1, deve ter sido construído entre 1936 e, no máximo, 1939 − as fotos de Robet Platt já descartaram 1935.
Ainda não encontramos documentos oficiais, nem publicações de jornais ou revistas de época que comprovem o aqui dito e redito  em especulações desse tempo da amnésica Cidade enviuvada da borracha − acreditávamos achar algo relevante no relatório do interventor federal José Carneiro da Gama Malcher (1935/1943), mas lá nada há sobre o assunto; muito menos sabe-se, nas bibliotecas públicas, dos feitos do  professor Abelardo Condurú  (1936/1943) na Prefeitura.
Mas o raciocínio é simples, se observarmos a fotografia: dois bondes* se destacam, um a passar pelo Clipper e outro parado no Fidalgo Telheiro; nenhum ônibus (ou automóvel) transita pelas cercanias, o que nos faz supor (se não é domingo, feriado ou cedo) que a Parah Electric Railways and Lighting Company Ltd. ainda não tinha adquirido, por meio de sua subsidiária Companhia Paraense de Viação Geral Ltda, os 7 ônibus que fariam frente ao seu costumeiro sistema de transporte urbano a partir de outubro de 1937.
No entanto, se já os possuía − até então sinal de saúde financeira para investimento em modernização −, esses poderiam, em estratégia de cobertura à demanda, manter itinerários distintos aos traçados para os seus bondes.
A informação, com a qual trabalhamos, está à página 154 da tese de doutoramento de Chélen Fisher de Lemos, defendida e aprovada em 2007 no IPPUR/UFRJ:

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Lembremo-nos que a Parah Electric Railways and Lighting Company Ltd., em 1933, possuía 120 km de extensão em linhas de bonde e 100 carros em serviço.
Parte da redução da extensão em 1939 pode ser consequência do uso dos 7 ônibus, de maior mobilidade e número de passageiros.

*Dois bondes  em uma fotografia não denotariam a decadência ou falência da Pará Electric, se considerada a dimensão da malha viária desenhada em Belém (menos ainda se fosse domingo, feriado, ou cedo):

Mapa bondes

Fonte do mapa: Biblioteca da CODEM.


Postcryptvm (em 24-05-2014):
O horizonte da imagem do CLIPPER é limpo, sem edificações modernas altas, só se vê o observatório no topo do reservatório Paes de Carvalho; o prédio do Armazém Âncora, correspondente a 5 pisos, da Importadora de Ferragens, ainda não fora construído.
Só nos resta a data dessa edificação e, quem sabe, a autoria de seu projeto; afinal, é uma obra emblemática da história arquitetônica de Belém, já que provocou uma nomenclatura sui-generis às PARADAS de ônibus na capital, em seus distritos e nos municípios do interior do Estado do Pará.


Postscriptvm² (o1/11/2014):
Acompanhe a evolução da pesquisa pelo SUMÁRIO que dá acesso às postagens sobre CLIPPERS até 24/10/2014.
Algumas informação contidas nesta postagem podem ter caído por terra em consequência da aparição de novos registros documentais.
Não fazemos nenhuma reparação nos textos originais, apenas colocamos esta nota ao final das publicações cobertas pelo período do resumo.
Aprendamos com os nossos erros.

Sobre o Projeto Laboratório Virtual - FAU ITEC UFPA

Ações integradas de ensino, pesquisa e extensão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará - em atividade desde maio de 2010. Prêmio Prática Inovadora em Gestão Universitária da UFPA em 2012. Corpo editorial responsável pelas publicações: Aristoteles Guilliod, Fernando Marques, Haroldo Baleixe, Igor Pacheco, Jô Bassalo e Márcio Barata. Coordenação do projeto e redação: Haroldo Baleixe. Membros da extensão do ITEC vinculada à divulgação da produção de Representação e Expressão: Dina Oliveira e Jorge Eiró.
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1 respostas para Por quê o Clipper Nº1 deve ser da década de 1930?

  1. Joventino Ferraz disse:

    Os Clippers foram de minha família e os proprietários ainda vivem no bairro do jurunas e possivelmente possuem documentos históricos até referente a compra e histórias das brigas quando a prefeitura resolveu derrubá-los por atitudes meramente políticas onde posteriormente trocou a glamour pelas barracas de frutas.

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