A fotografia acima ilustra o Relatório 1930 do intendente Antonio de Almeida Facióla; chamamos a atenção para o Avenida da Independencia em seu título.
De fato enxergamos a Avenida da Independência (hoje Magalhães Barata) na esquina da 22 de Junho (atual Alcindo Cacela) com fuga à Avenida Nazareth.
O prédio do canto esquerdo ainda está lá, conservado:
Em outra página (32) do Relatório 1930 de Facióla encontramos uma nota de isenção de imposto predial na referida via com o nome de Avenida Cypriano Santos:
Supomos tratar-se do Palacete Passarinho erigido em área urbanizada, todavia, os herdeiros não reconhecem o nome Amélia Pereira Passarinho que pode ter sido grafado de modo equivocado pelo senador estadual e intendente de Belém.
Acreditamos, além das informações contidas em periódicos, que a homenagem feita ao médico e político Cypriano José dos Santos não se popularizou naquela área, já que a própria Intendência Municipal de Belém a renegou ao dualizá-la em documento público.
A até hoje emblemática Casa Salomão situava-se na Avenida Cypriano Santos nº35, lado ímpar, em 1931
Diante da ausência da documentação oficial que instituiu e destituiu o nome do doutor Cypriano Santos à Avenida da Independência o professor Fabiano Homobono fez um alerta ao mapa coordenado por José Sidrim em 1905; naquela carta Sidrim dá a projeção da Avenida da Independência em linha reta até um bosque fronteiriço ao Boulevard da Câmara (hoje Perimetral da Ciência).
Das plantas mais populares de Belém a de Sidrim é a única que estica a via nominando-a como da Independência, transpassando, em seu planejamento, o centro do grande largo de São Brás (ou Floriano Peixoto com a República).
Odorico Nina Ribeiro (1886) e Theodoro Braga (1918) usam o mesmo traçado sem identificar o logradouro naquele prosseguimento.
Um mapa comercial elaborado por Maÿr Sampaio Fortuna (1948) representa a realidade aproximada do Google Maps: o desalinhamento da avenida que só recupera o gabarito projectual em seu final, na Passagem Santa Cruz, uma continuação recente (pós Maÿr) da Cypriano Santos:
Maÿr parece dizer em seu desenho que o Mercado Renascença (ou de São Brás) rompe a visão posterior à Avenida (seja da Independência, Cypriano Santos ou a hoje Magalhães Barata), estabelecendo aí seu ponto terminal lógico à percepção da população.
Esse hiato, ou independência das duas vias, possivelmente garantiu a permanência do nome de Cypriano no periférico e populoso bairro de Canudos originado com as atividades da Estação da Estrada de Ferro de Bragança no início do século XX em parte da superfície da Quinta de Queluz.
Postscriptvm (17MAR1917):
Nota enviada pelo colaborador Aristóteles Guilliot de Miranda estende o período da mudança no nome da avenida.