O Farol Velho de Salinas — hipótese virtual (descartada)

Hipótese descartada que permanecerá no histórico da investigação

O primeiro farol das Salinas, ou Ponta do Atalaia, que deixou suas ruínas na praia hoje chamada do Farol Velho

No dia 08 de abril passado foi criado um grupo de WathsApp intitulado Farol (ver membros) com o objetivo de discutir por meio de documentos e fotos a forma, o posicionamento e a queda do Farol Velho de Salinópolis; desse modo se chegou às imagens acima, pertinentes ao feitio, que exibem uma torre troncônica sustentando um maciço interligado à cúpula de arco pleno por um vão central estimado (pela régua do Google) de 1,50m x 1,50m ao acesso do faroleiro à lanterna e mecanismo projetado pelo relojoeiro francês Henry Lepaute no ano de 1850.

O grande bloco de pedras (ordenadas em cantaria) depositado nas areias da praia do Farol Velho como marco do lugar era o topo do farol (era a fundação e base de ponta-cabeça) donde esteve o candeeiro de 3ª ordem com lentes de Fresnel e Arago
O maciço de pedras remanescente na paia do Farol Velho em Salinas deve ser visto deste modo: como sua fundação e base em posição invertida – giro de 180º
Fotografia dita do acervo padre Dubois publicada no livro SAUDADES DA MINHA ALDEIA – Tributo a Salinas de ontem, de Fernando Mariano Rodrigues – livro de 2003
Animação do novo raciocínio a partir da foto acima publicada
Evidencias presentes no maciço de pedras na paria do Farol Velho: receptáculo ao pêndulo do mecanismo de Lepaute
Animação da função do compartimento receptor do pêndulo do mecanismo de funcionamento da lanterna do Farol Velho – tal receptáculo, ordenado por tijolos maciços, compõe o bloco que repousa na praia reforçando a ideia de base invertida e não “capitel” como originalmente proposto e agora desconsiderado

Manter-se-á esta parte da pesquisa já que a referência histórica do Farol Velho de Cabo Frio não está incorreta – riscaremos o que deve ser desconsiderado; aliás: foi a similitude entre as duas edificações que nos induziu ao erro:

Imagens ampliáveis por clique

Todas as especulações já apontavam para esta hipótese; contudo, o Farol Velho de Cabo Frio no Rio de Janeiro, arquitetado e concluído entre 1833 e 1836 pelo Major do Imperial Corpo de Engenheiros, Henrique Luiz de Niemeyer Bellegarde, mostra-nos a semelhança entre materiais e técnicas construtivos aplicados às duas edificações de sinalização náutica de aparência medieval — fortalezas?
Ambos os edifícios foram totalmente montados em pedra com cantaria: o de Cabo Frio tendo seu teto fechado por ogivas e acesso lateral ao domo circular (torre cilíndrica); já o Farol das Salinas, de topo quadrangular regular, era assentado em abóbada modelada por arcos plenos com vão central à entrada dos faroleiros (torre troncônica).
Desde 1833 havia verba para a construção do Farol das Salinas, ou da Ponta ou Ilha do Atalaia; entretanto, somente em 1839 apareceu (ou reapareceu) o projeto que implementado parcialmente refugaria uma fundação octogonal com alguma parede em pedra — Cabo Frio e Salinas foram planejados no mesmo ano como mostra o Relatório do Ministério da Marinha de 1833 sem que as obras seguissem o mesmo ritmo, o que propiciou ao de Salinas o apelido de encantado; também foi cogitada, no período dessa tentativa de implementação, a possibilidade do aparelho de luz ser semelhante ao montado na torre de Cabo Frio, conforme apontamentos de Dubois (1949).
O projeto referenciado em 1839 revela uma torre em tronco de pirâmide de base e secção quadrangular regular:


Outro engenheiro militar, o capitão Marcos Pereira de Salles, assumiria a obra do Farol das Salinas em 1849 retomando as tentativas de uma década; todavia, apesar de manter as proporções do plano conhecido em 1839, fez subir uma torre troncônica relatada em documentos e mostrada na foto de 1916 — única imagem de fonte fiável que temos do Farol Velho.
A atitude de Salles significaria tecnicamente um reforço à sustentação do maciço com melhor distribuição de carga já experimentado em 1836 na torre do farol de Cabo Frio.
Por ora se investiga a possível relação entre esses dois engenheiros e se a autoria do projeto original não seria do major Henrique Luiz de Niemeyer Bellegarde, falecido em 1839, irmão mais velho de Pedro de Alcantara Bellegarde (foto/verbete na popular Wikipédia):


Em breve faremos uma publicação com os pormenores que nos levaram a estas conclusões sem que nenhuma expedição tenha sido feita nas ruínas do Farol Velho — o que será providenciado junto à direção do ITEC ao devido apoio.


A lanterna aqui modelada foi pensada a partir de um aparelho de luz de 3ª ordem atribuído a Lepaute, Fresnel e Arago.


Os dois audiovisuais abaixo foram editados (mantendo suas referências originais em músicas e legendas) a partir de material publicado no Youtube; neles é possível compreender melhor a estrutura do Farol Velho de Cabo Frio à comparação com o Farol Velho das Salinas:


Clipe de Camila Honda com o Farol Velho de Salinas como cenário:

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Postscriptvm 02MAI2022):
Hoje resolvemos fazer uma correção nesta publicação sobre as investigação do Farol Velho das Salinas; para tal optamos pela desconsideração de raciocínio anterior, sem deletar o que se havia produzido textual e imageticamente – o “xis” e o “risco” como artifício apagador.
Obviamente cometemos um equívoco; todavia, a comparação entre o FV das Salinas e o FV de Cabo Frio estabeleceram certa coerência às deduções anteriores ora descartadas.
O que permanece correto é que ambos se assentam em bases octogonais.

Exemplo de mecanismo de relógio usados em faróis antes da eletricidade

Sobre o Projeto Laboratório Virtual - FAU ITEC UFPA

Ações integradas de ensino, pesquisa e extensão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará - em atividade desde maio de 2010. Prêmio Prática Inovadora em Gestão Universitária da UFPA em 2012. Corpo editorial responsável pelas publicações: Aristoteles Guilliod, Fernando Marques, Haroldo Baleixe, Igor Pacheco, Jô Bassalo e Márcio Barata. Coordenação do projeto e redação: Haroldo Baleixe.
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5 respostas para O Farol Velho de Salinas — hipótese virtual (descartada)

  1. Mauricio Oliveira disse:

    Boa Tarde!
    Estou montado um projeto de divulgação da historia de Salinópolis.
    Com quem posso conversar sobre a utilização desse material em um video?

  2. Leandro Miranda disse:

    Olá, sou morador de Arraia do Cabo e tenho grande interesse sobre o farol da ilha do Cabo Frio

  3. francisco disse:

    provavelmente todas essas informações serão possiveis junto a marinha do brasil, no departamento do patrimonio historico e documentação da marinha (DPHDM), no centro do RJ

  4. Paulo Andrade disse:

    Espetacular. O site é uma pérola!

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