O “comunicado” que se lê acima está afixado desde o dia 03 de fevereiro nos elevadores de um edifício de Belém projetado ainda no início dos anos 1960.
É extremamente raro que uma ideia seja brilhante o suficiente para prever um futuro com alcance de 50 anos sem retificações, principalmente quando se trata de abrigar em diuturnidade inter-relações sociais naturalmente mutáveis.
O mundo, por obviedades, transforma-se e desde Nosso Futuro Comum, de 1987, há o entendimento de que o desenvolvimento sustentável é “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas necessidades” e isto não pode prescindir da igualdade intergeracional.
Soluções como a do “comunicado” que normatiza, por horários distintos, o uso de um espaço comum destinado à convivência de moradores, carregam nuances de fascismo.
Um(a) velhinho(a) e uma criancinha têm sempre o que conversar e estabelecer aprendizagem mútua ─ aliás: todos aprendemos, uns com os outros, independentemente do rótulo geracional ─, porque valores são transmitidos, discutidos e assimilados.
Em circunstâncias dessa natureza, onde se quer tapar o sol com um pano de chão, seria mais prudente que tal condomínio contratasse um profissional experiente que solucionasse o aproveitamento do espaço em vez de criar normas antipáticas propícias à intolerância.
Será que o lugar comporta, em suas dimensões, “…a utilização de bicicletas, patins, patinetes, jogos de bola e assemelhados…”? Ou é ele suficientemente favorável às atividades de integração dessas duas gerações?
Há experiências que podem iluminar o raciocínio da síndica sobre o convívio entre criancinhas e velhinhos, algumas estão aqui:
Amizade entre gerações: espaço de cidadania.
_____________
Postscriptvm:
Moro em casa e não há como permitir ”…a utilização de bicicletas, patins, patinetes, jogos de bola e assemelhados…” pelos meus filhos que têm avô, avó e bisavô morando junto.
Existem áreas para se fazer isso lá fora, em ruas tranquilas, praças, clubes, sítios, etc.
O que dá o upgrade à formação dos meus filhos é justamente o convívio com os meus “velhinhos” e os amigos deles que viajam e se divertem pra valer.
Eu poderia mudar, mas prefiro esse aconchego familiar dividindo as despesas com os meus pais e o meu vô querido, o Turco, que até hoje está inteiro, é pé de valsa e ainda toma pinga.
O que falta hoje é amor e tranquilidade para se viver bem.
Muito bacana o tema da postagem, eu não conhecia o site, mas vou recomendar aos amigos “velhinhos”.
Caraca meu, esse prédio é grande pra caramba, dá pra jogar bola, andar de bicicleta, patins, patinetes, e também tem um negócio chamado assemelhados que deve ser um lugar pra plantar, uma coisa tipo horta pra enterrar idosos.
Sou favorável que esses guris repeitem os mais velhos e parem de quebrar as pernas, os braços e as cabeças deles e que também tenham educação e parem de roubar os óculos, as muletas e as próteses deles.
Guris escutem as estórias dos velhinhos do prédio ou levem eles pra serem felizes como pular de paraquedas, fazer rapel, base jumping, rally, kitesurf, tiro ao alvo, porque o convívio é fundamental.
Nem sabia que tinha esse negócio de relação intergeracional que parece esporte radical mesmo.
Se tiver cadeira não tem brinquedo.
Se tiver brinquedo não tem cadeira.
Parece que essa síndica não conhece o Estatuto do Idoso, limitar o horário dos velhos, como eu que tenho 77, no Hall Social do edifício em favor das brincadeiras, pelo visto violentas a eles, é um absurdo desmedido e repugnante – essa mulher monstro deveria ser presa.
Que história é essa de nos “proteger” da delinquência infantil ou juvenil nos prendendo em apartamentos?
Proteção agora é sinônimo de cárcere?
Déspota!
Porventura essas crianças são órfãs?
Por onde andam os pais desses meninos sem EDUCAÇÃO?
Nem em locais públicos são permitidos jogar bola, andar de patins, patinetes ou bicicletas se essas atividades forem nocivas aos demais frequentadores do logradouro, e isto nada tem a ver com idade, porque a autoridade competente arbitra e manda parar baseada na lógica da convivência edificante.
O direito da gente tem o limite no outro, dona sínica.
EDUCAÇÃO COMEÇA EM CASA e o edifício é uma moradia coletiva, portanto, se essa garotada não sabe se comportar em comunidade, inclusive com respeito e admiração pelos mais velhos, garanto que eles terão um futuro negro porque já trilham o caminho do inferno pessoal que os revelará péssimos cidadãos.
Até onde eu saiba os pais são responsáveis pelas atitudes maléficas dos filhos, são eles que devem ser penalizados, já que são incapazes de exercer o pátrio poder com justo senso social.
Como a peia foi abolida, o que está correto porque nada substitui o diálogo, sugiro que o castigo a ser instituído pelos pais, os de fato e de direito responsáveis, seja sempre o de cuidar dos velhinhos do prédio quando seus filhinhos mimados fizerem tolices.
Mas é certeza absoluta que essa punição não será tão dura assim, porque eles encontrarão nos velhinhos, mesmo nos mais ranzinzas, PARÂMETROS DE VIDA.
AMARAL, amigo de cachaça do Turcão – o avô do Andrews -, comarqueiro de interior compulsoriamente aposentado.
Porra Amaral quer dizer que isto aqui é o tal Canal do Idoso.
Você sabe que eu tenho uma “poupança velhice extrema” que já tá bem gorda e o meu salário ainda sobra pra ajudar muita gente nova a viver bem e eu gosto de ajudar as pessoas boas e as boas pessoas.
A poupança como está robusta é só para pagar uma cuidadora boazuda e carinhosa com o velhinho aqui e que também tenha poupança robusta.
Mata o véio, mata o véio!
Marião.