Desenhos de Pedro (Fontenelle) Morbach

Abertura: 11 de agosto de 2011. Das 11 às 14h
Encerramento: 31 de agosto

Sábado de tarde e eu estou aqui no computador, com as minhas memórias! Fiquei sabendo que recordar é uma necessidade básica, então, vou nessa.
Se pudesse voltar na escala do tempo, lá pelos idos de 1977, seria um dia ideal para acompanhar o Gileno na visita a família Morbach, na casa da travessa Vileta. Lá encontraria “seu” Augusto no escritório, envolvido entre telas, tintas e pincéis, a contar sobre o balé da Suíte Quebra-Nozes e sua nova criação artística, inspirada na obra. A conversa dele com o Gileno renderia a tarde inteira, se não fosse interrompida pela presença da dona Dora, que nos trazia o delicioso biscoito de Castanha do Pará feito por ela e pela delicada Mirtes. Em seguida viria o Pedro, já com o cafezinho passado na hora, de sabor inesquecível. Nesse momento, de tudo conversávamos, até dos personagens das novelas da TV. A tarde passava rapidinho e de lá saíamos com afetuosos abraços e o convite para o retorno. Voltávamos pra casa e eu percebia a felicidade do Gileno por ter estado em tão boa companhia. Assim aconteceu por vários anos, até 81, quando seu Augusto se foi para a espiritualidade. Esse tempo chegou também pra Mirtes, pro Gileno, pra dona Dora e, por último, pro Pedro, que havia deixado de pintar a três anos. Deles todos só eu fiquei para contar essa história e sinto-me motivada a apresentá-la por meio da exposição de 22 desenhos em nanquim, assinados por P Morbach em diferentes épocas de sua vida e que compõem o acervo da ELF GALERIA.
Sei que ainda menino, em Marabá, Pedro demonstrou ter o dom de desenhar, dom esse que veio da herança de seu pai, Augusto Bastos Morbach. Nas artes visuais, foi autodidata, mas o fato de assistir seu pai trabalhando dedicadamente o ajudou nas noções de desenho, a dar a profundidade ao traço, e aprender, com ele, as variações de claro-escuro. A opção pelo nanquim já estava ali definida e foi intensamente praticada a partir de sua vinda para Belém, em 1.968. Pedro também buscava o conhecimento sobre as artes em suas leituras e se dizia influenciado por Candido Portinari, sobretudo quando utilizava a temática dos deserdados. O Marabá do passado sempre esteve presente em sua inspiração, de onde surgiram igarapés, matas, lendas, funerais, sempre carregados de expressiva dramaticidade. Pedro gostava de uma cachacinha e essa relação com a bebida trouxe pra ele o enfrentamento de uma dura realidade, também retratada em seus desenhos e muito presente em suas conversas. Depois da morte de seu Augusto, ele vinha nos visitar na galeria e eu lhe servia um tímido café, comparando com aquele que ele sabia fazer.
Pedro Morbach foi uma pessoa simples, muito sensível e de relacionamento fácil. Ele sofria as dores do mundo e isso ficava sempre estampado em seu semblante. Aos 76 anos ele encerrou a sua história, no dia 30 de abril deste ano mas teve um grande respeito por seus amigos e gostava das matérias de jornais e revistas que falam da sua arte, por esse motivo, a exposição já se justifica. Então, aqui está Pedro Morbach, na forma como queria ser lembrado.

Gostaria de contar com a sua presença.
Atenciosamente,
Lucinha Chaves
 
Serviço
A exposição Desenhos de Pedro Morbach abre no sábado, dia 11 de agosto, para convidados e fica aberta a visitações, de 13 a 31 de agosto, de segunda a sexta-feira, de 10 às 19h e aos sábados, de 10 às 14h, excetuando feriados.

Sobre o Projeto Laboratório Virtual - FAU ITEC UFPA

Ações integradas de ensino, pesquisa e extensão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará - em atividade desde maio de 2010. Prêmio Prática Inovadora em Gestão Universitária da UFPA em 2012. Corpo editorial responsável pelas publicações: Aristoteles Guilliod, Fernando Marques, Haroldo Baleixe, Igor Pacheco, Jô Bassalo e Márcio Barata. Coordenação do projeto e redação: Haroldo Baleixe.
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