Tarrafeando / Parintins, 1927 (fotografia, acervo IEB USP)
As 60 fotografias feitas em 1927 ressaltam a
estética fotográfica do intelectual paulistano
A Caixa Cultural de São Paulo inaugura no dia 23 de março, às 11 horas, a mostra de fotografias “Mário de Andrade: etnógrafo-fotógrafo-poeta”, com curadoria da pesquisadora Adrienne Firmo. Organizada a partir do acervo do IEB – Instituto de Estudos Brasileiros da USP, a mostra traz a público um recorte de 60 fotografias em preto-e-branco realizadas pelo intelectual paulistano Mário de Andrade (1893-1945) em 1927, durante viagem ao Estado do Pará e ao Peru.
A cultura e a gente nacionais foram os interesses maiores do escritor paulistano Mário de Andrade, que, em 1927, no intuito de desbravar o Brasil, realizou uma viagem etnográfica pelo Norte do país, descrita por ele como “Viagem pelo Amazonas até o Peru, pelo Madeira até a Bolívia, e pelo Marajó até dizer chega”. Durante o trajeto, fez registros fotográficos e escritos sobre a paisagem, o homem e a cultura da região.
O conjunto das fotografias reunidas na mostra “Mário de Andrade: etnógrafo-fotógrafo-poeta” representa o homem, a paisagem, arquitetura e cultura das regiões visitadas. Nele, contudo, é possível fazer um recorte daquelas voltadas para o universo do trabalho e do trabalhador distantes dos grandes centros urbanos do período, a saber, São Paulo e Rio de Janeiro, servindo como instrumento de conhecimento para os modos de vida e trabalho de então nos interiores do país.
Nessas fotos estão registrados os labores no campo com a cana, o café e o gado; os de populações ribeirinhas no transporte de madeira e alimentos; os mercados dos grupos urbanos; as trocas entre citadinos e indígenas; além de referências aos trabalhos femininos como a lavagem de roupas.
“As fotografias demonstram também o empenho do escritor em transmitir por meio de elementos plásticos aquilo que é retratado, fundindo a informação ao valor artístico, além de registrar cada imagem com títulos e legendas que as explicam ou esclarecem, aliando, dessa forma, a ação do turista-etnógrafo à do fotógrafo-poeta”, escreve a curadora Adrienne.
A exposição pretende apresentar dois aspectos da formação cultural brasileira: o trabalho e o registro de suas práticas, ambos representados a um só tempo na visão do trabalho nos interiores do Brasil no inicio do século XX, formulada pela pesquisa etnográfica e artística de Mario de Andrade, fundamental para a formação dos estudos acerca da cultura e do povo brasileiros.
Fotografias e coleções do intelectual
Além deste experimento fotográfico como meio de apreensão do povo e sua cultura, o escritor-fotógrafo Mario de Andrade, em 1928, dedicou-se a nova viagem de reconhecimento do país, sobre a qual enviou cotidianamente crônicas ao Diário Nacional, publicadas na coluna intitulada “O turista aprendiz”. Também guardou em seus arquivos retratos de outras viagens, como até Minas Gerais, sendo a primeira em 1919, e, outra, em 1924, chamada por Mário de Andrade de “Viagem de descoberta do Brasil”. Fotografou, ainda, as férias no interior de São Paulo, entre os anos 1920 e 1930, além de ter colecionado cartões-postais de diversas regiões e povos do Brasil, formando, assim, uma coleção de representações de parte importante das práticas e do viver da nação nos inícios do século XX.
Bate-papo e lançamento de catálogo, dia 13 de abril
No dia 13 de abril, sábado, Adrienne Firmo falará sobre a proposta curatorial, e a pesquisadora Bianca Detino, sobre a importância artística e cultural do arquivo Mário de Andrade, pertencente ao Instituto de Estudos Brasileiros-IEB, da Universidade de São Paulo.”
Mário Raul de Moraes Andrade (São Paulo, 1893 – São Paulo, 1945)
Poeta, romancista, etnógrafo, fotógrafo, crítico de arte e musicólogo. Um dos fundadores do modernismo no Brasil e principal responsável pela realização da Semana de 22. Exerceu por meio de seus escritos e pesquisas grande influência nos estudos sobre a cultura popular e erudita brasileiras. Trabalhou como professor de música e colunista de jornais, sendo conhecido, sobretudo, como romancista e poeta, principalmente por seu romance Macunaíma. Foi diretor-fundador do Departamento de Cultura do Município de São Paulo, criador da Sociedade de Etnologia e Folclore de São Paulo e idealizador do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, SPHAN.
SERVIÇO:
Exposição: “Mário de Andrade: etnógrafo-fotógrafo-poeta”,
Abertura para convidados: 23 de março de 2013 (sábado) às 11h
Temporada: de 23 de março a 05 de maio de 2013 (terça-feira a domingo)
Horário: das 9h às 20h
Local: CAIXA Cultural São Paulo – Praça da Sé, 111 – Centro – São Paulo (SP)
Entrada: Franca
Classificação etária: livre
Informações: (11) 3321-4400
Patrocínio: Caixa Econômica Federal
Acesso para pessoas com necessidades especiais
13 de abril – Bate-papo e lançamento de catálogo
Convidados: Adrienne Firmo (pesquisadora e curadora) e Bianca Detino(pesquisadora)
Duração: 1h30
Horário: 15h
Capacidade: 50 pessoas
Inscrições: (11) 3321-4400
Informações:
Adelante Comunicação Cultural
Décio Hernandez Di Giorgi
Email: dgiorgi@uol.com.br
Tel.: (11) 3589 6212 / 9 8255 3338
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Mais do acervo:
Mário de Andrade, A Vitória do Madeira, 1927 (fotografia, acervo IEB USP).
Mário de Andrade, Abrolhos, abril 1927 (fotografia, acervo IEB USP).
Mário de Andrade, Baía, 1927 (fotografia, acervo IEB USP).
Mário de Andrade, Mercado de Ver-o-Peso, maio 1927 (fotografia, acervo IEB USP).
Mário de Andrade, Tuiuiú, 1927 (fotografia, acervo IEB USP).