O Ver-o-peso de Dona Lourdes Holanda

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O mapa acima foi desenhado às 15 horas de hoje por dona Maria de Lourdes Holanda, 86 anos, dona do posto de combustíveis de bandeira ATLANTIC, localizado à margem esquerda da doca do Ver-o-Peso, fotografado em abril de 1957 por Dmitri Kessel para a revista estadunidense LIFE no momento  em que um ônibus Zepelim, da Viação Triunfo,  nele abastecia:

04 Dona Lourdes não se recorda quando passou a administrar o posto comprado por seu irmão, Renato Queiroz Holanda, que, por não gostar de lidar com combustíveis, abandonou a atividade passando a ela a propriedade; entretanto, guarda na memória a demolição da edificação no período em que Ajax de Oliveira fora prefeito de Belém, entre 1975 e 1978, indicado por Aluísio Chaves.
Nesse período, segundo dona Lourdes Holanda, tanto os dois postos de combustíveis  ─ o outro era o POSTO PARÁ de bandeira ESSO ─, quanto os três CLIPPERS que arrodeavam a praça do Relógio foram ao chão sem indenização àqueles que os exploravam comercialmente.

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As fotografias acima, sem datação ou autoria, mas que provavelmente foram tiradas por ocasião da virada da década de 1960 para 1970, mostram a precisão na localização dos equipamentos urbanos na memória de dona Lourdes Holanda ─ ela, ao fazer a planta, não tinha conhecimento dessas imagens.
Só uma vez o POSTO ATLANTIC foi chamado de clipper por dona Lourdes; o termo, como grafado no mapa, foi empregado para se referir aos abrigos públicos destinados aos passageiros dos ônibus, como o que ficava entre o POSTO PARÁ e o seu, na Marquês de Pombal, “lugar de muita confusão”, já que hospedava dois botecos: um em cada extremidade.
Sabe-se agora, depois da conversa, que o tanque do ATLANTIC permanece sepultado no mesmo local, cheio de areia; o posto vendia gasolina e possuía um recipiente externo, “dentro do clipper”, para armazenamento de querosene; os barcos eram abastecidos por tonéis trazidos pelas tripulações. “Óleo diesel, só no Carmo”, lembra a criadora do bloco Tia Lourdes, tradicional no carnaval de Salinópolis nos anos 1980:

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Outras informações fornecidas por dona Maria de Lourdes Holanda estão sendo checadas para comprovação documental e deverão surgir em postagens futuras, aguardem.


Postscriptvm (01/11/2014):

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O POSTO ATLANTIC, de dona Lourdes Holanda, em janelamento de fotografia do acervo do IBGE, publicada inteira em O que a palavra CLIPPER identificava?.


Postscriptvm (15/05/2020):

Equipamentos
Duas fotografias publicadas na revista Manchete — uma de 1976 (com os equipamentos) e outra de 1977 (sem eles) — afunilam a datação de Dona Lourdes às demolições.
A edição de 1976 não é numerada, é especial, posterior a de n°1288 de 25DEZ1976; já a de 1977 é de 23JUL1977 sob número 1318.


Postscriptvm (23/10/2021):

 

Postal de dezembro de 1977 com todos os equipamentos – não sabemos qual a duração da publicação e o tempo de uso pós demolição

Sobre o Projeto Laboratório Virtual - FAU ITEC UFPA

Ações integradas de ensino, pesquisa e extensão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará - em atividade desde maio de 2010. Prêmio Prática Inovadora em Gestão Universitária da UFPA em 2012. Corpo editorial responsável pelas publicações: Aristoteles Guilliod, Fernando Marques, Haroldo Baleixe, Igor Pacheco, Jô Bassalo e Márcio Barata. Coordenação do projeto e redação: Haroldo Baleixe.
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4 respostas para O Ver-o-peso de Dona Lourdes Holanda

  1. José Maria disse:

    Belém é uma miçanga. Meu pai foi médico da Dona Lourdes muitos anos. Quando eu a conheci ela era dona do posto em frente ao São José, que existe até hoje.

    • fauitec disse:

      É justamente isso José Maria: Dona Lourdes teve o ATLANTIC demolido na gestão de Ajax Oliveira e adquiriu outro posto de combustíveis localizado na 16 de Novembro com a Cesário Alvin; pelo seu relato, ela vendeu esse posto em 1993 para “passear e aproveitar sua casa de Salinas”, quando completou 65 anos de idade.

  2. Muito bonito, amigo Baleixe.

  3. Paulo Andrade disse:

    Sempre interessante, a história.

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