Imagens do parque industrial da Fábrica de Cerveja Paraense em 1910 e sua marca registrada em 1920 na Junta Comercial do Pará.
O jornal carioca O Paiz de 12SET1926, por ocasião do 21º aniversário (considerado o ano de 1905 quando efetivamente iniciou a produção) da Fábrica de Cerveja Paraense, faz um resumo da trajetória da indústria até o dia da publicação desse periódico:
Note-se que foram necessários cinco anos à construção da estrutura fabril dada, segundo O Pará de 19DEZ1899 e o Diário do Maranhão de 28DEZ1899, às expertises do engenheiro industrial Claudio Solanes – espanhol residente no Rio de Janeiro onde requereu patente de um systema novo (machina) que ensejaria em 1891 a Companhia Fluminense de Tijolos inaugurada em 18 de setembro de 1892.
Claudio Solanes já mostrara resultados, em 1897, com a modernização produtiva da cerveja Babylonia Brau com sede na Capital Federal.
As investigações, ora em curso, apontam o trabalho de Solanes como específico à configuração do Grande Empório Industrial, possivelmente (porque ainda é especulativo) assentado no terreno onde funcionara, nos primeiros anos da década de 1870, o Jardim Mythologico.
Acredita-se que outras construções foram acrescidas na área da Fábrica de Cerveja Paraense após 1905: o Club Allemão com seu anexo para jogos, o Bar Paraense, o Bar Pilsen e o Cinema Popular – todos de datações dessabidas.
Destacamos o (Theatro) Bar Paraense, que mesmo dentro do complexo da F. C. P., contíguo à sucursal da Real Fábrica Palmeira, era tido como propriedade de Jorge Corrêa e Cia:
O (Theatro) Bar Paraense, distinto das edificações fortificadas para suportar equipamentos pesados atribuídas a Solanes, guarda semelhanças arquitetônicas com o Pavilhão projetado por Theodoro Braga em 1908 à Exposição Nacional do Rio de Janeiro:
Esperamos, em matéria próxima, tratar do declínio da Fábrica de Cerveja Paraense na década de 1930, entrando a mesma na fase de liquidação em 1939 e posta a leilão em 1940.
Em 1947, por decreto do major Moura Carvalho, então governador do Estado do Pará, a já extinta Fábrica de Cerveja Paraense foi vendida à Companhia de Cerveja Brahma do Rio de Janeiro e em 1962 recomprada com capital paraense pelo doutor Otávio Meira e filhos (Alcyr Boris e Paulo Rubio) ao Loteamento Jardim Independência.
Postscriptvm (24NOV2016):
A Fábrica de Cerveja Paraense nada tem a ver com a CERPA – Cervejaria Paraense.
A Fábrica de Cerveja Paraense localizava-se na hoje avenida Magalhães Barata (antiga Independência), defronte ao prédio da CELPA – Centrais Elétricas do Pará –; antiga Estação de Bonds.
A Fábrica de Cerveja Paraense e seus terrenos deram origem ao conjunto residencial Jardim Independência em 1962.
Haroldo, onde ficava a fábrica e qual o destino dela a partir de 1964? As duas primeiras fotos ao lado da marca diferem das outras, onde, ao que parece ser a fachada, se encontra numa ampla avenida. São imagens do mesmo complexo?
José Junior:
Primeiro peço perdão a ti e a todos os leitores porque houve um vacilo na datação da compra pela família Meira: não foi em 1964, mas em 1962 (já corrigido no texto). Essa confusão se deu por má interpretação de notícia publicada no jornal Diário de Notícias (RJ) de 25SET1964.
A Fábrica de Cerveja Paraense ficava exatamente onde hoje está o Jardim Independência – trabalha-se no desenho para superposição no mapa, mas a “ampla avenida” é a antiga Independência, hoje Magalhães Barata, defronte à CELPA (Estação de Bonds no passado). Segundo o professor Alcyr Boris de Souza Meira não houve nenhum acréscimo ou subtração na área original pertencente à Fábrica. Alcyr disse também que algumas casas que lá estão não necessitaram de fundação porque aproveitaram os blocos de concreto do parque industrial. A construção planejada e executada entre 1899 e 1905 pelo engenheiro industrial espanhol Claudio Solanes era tão resistente que foram necessárias várias cargas de dinamite na demolição. É pertinente saber que quando o terreno foi adquirido não mais existia o Theatro Bar Paraense, portando não se define, ainda, qual o material empregado em sua construção; há dúvidas em relação ao uso do ferro nessa obra que tem chances de ser um projeto do Theodoro Braga pela semelhança com o Pavilhão da Fábrica de Cerveja Paraense da Exposição Nacional do Rio de Janeiro em 1908.