Bem-bom – a casa dos Faciola

Bem-bom em foto atribuída a George Huebner (entre 1890/1910) – coleção Guto Quaresma

Não sabemos exatamente o início da relação de Antonio d’Almeida Faciola com a Chácara Bem-bom, mas há dois registros fotográficos, pertencentes à família, que remontam ao século XIX; o Bem-bom, paraíso para seu proprietário, era local de criar bichos, plantar ordenadamente árvores frutíferas e cultivar a diversidade das flores em jardins; a rocinha, afastada, foi xodó de Antonio até sua morte em 1936, aos 70 anos.
A sequência de fotografias, todas de 1916, comprova que a família nuclear de Antonio Faciola (ele, sua mulher e três filhos) mantinha residência e domicílio no Marco da Légua, às proximidades da linha férrea da Belém-Bragança, na esquina da travessa Barão do Triunfo; um ano antes desses registros houve o falecimento de Bento José da Silva Santos Junior, um dos herdeiros do Palacete Silva Santos, prédio que seria adquirido por Antonio – não se sabe a data de compra do imóvel na esquina Nazaré-Dr. Moraes, nem da mudança dos Faciola para lá.
Ou seja: qualquer interferência dos Faciola no Palacete Silva Santos só pode ser considerada real a partir de 1916 para mais – nunca retroceder.
É fácil perceber o local como de moradia fixa (casa, lar…), repleto de obras de arte, movelário de estilo e piano; com pinturas e volumes decorativos nas paredes dos dois pavimentos – Antonio edificou o piso de cima em momento dessabido, mas aparentemente recente nas estampas.
Por mais que os Faciola tenham adquirido o Palacete Silva Santos, jamais deixaram de frequentar com assiduidade o Bem-bom – Antonio tinha o hábito de dormir lá algumas vezes na semana.
Muito do que se vê nas imagens passou a compor os cômodos térreos do Palacete Silva Santos com a mudança dos Faciola para Nazaré.
Damos relevância ao fato de Antonio d’Almeida Faciola ter a mesma idade de Junior, filho de Bento José da Silva Santos, morto em 11 de maio de 1915, deixando cinco órfãos (de pai e mãe): quatro em Liverpool, na Inglaterra, e um em Belém, Brasil.
Há fortes evidências de Antonio ter adquirido o Palacete Silva Santos já mobiliado, pois nele havia móveis, vidraças e cristais com o mesmo monograma visto na fachada: FS (Família Silva Santos) ou SF (Silva Santos e Filhos).
O cenário aponta a aquisição do Palacete Silva Santos como negócio oportuno para Antonio – sem necessidade de pressa.

Pavimento inferior do Bem-bom em 1916
Pavimento inferior do Bem-bom em 1916
Pavimento superior do Bem-bom em 1916
Pavimento superior do Bem-bom em 1916

Todas as imagens que compõem a publicação são ampliáveis.

Bem-bom em 1916 – a casa dos Faciola.

Sobre o Projeto Laboratório Virtual - FAU ITEC UFPA

Ações integradas de ensino, pesquisa e extensão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará - em atividade desde maio de 2010. Prêmio Prática Inovadora em Gestão Universitária da UFPA em 2012. Corpo editorial responsável pelas publicações: Aristoteles Guilliod, Fernando Marques, Haroldo Baleixe, Igor Pacheco, Jô Bassalo e Márcio Barata. Coordenação do projeto e redação: Haroldo Baleixe.
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1 respostas para Bem-bom – a casa dos Faciola

  1. Lucia Chaves disse:

    Que delícia de leitura!

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