
Na Belém de final dos anos 30, entre as arquiteturas que se modernizavam na Avenida 15 de Agosto, encontra-se a da sede da agência de Correios e Telégrafos. O projeto, segundo as evidências encontradas até o momento, seria do engenheiro e arquiteto ex-diretor da ENBA Archimedes Memória, que havia vencido o concurso para o Ministério de Educação e Saúde em 1936, com uma proposta que apresentava as linhas decorativas e grafismos do então chamado “estilo marajoara”. A construção de edifícios capazes de estruturar uma imagem clara da ideologia do poder vigente, era uma das estratégias da política de Getúlio Vargas e visava, entre outros objetivos, uniformizar e fortalecer a imagem de instituição públicas das principais capitais brasileiras entre os anos 1930 e 1940. Nesse período foram construídas 141 agências cujos projetos eram elaborados na então capital federal Rio do Janeiro, e enviados às respectivas sucursais. O projeto de Belém como os de outras cidades como Belo Horizonte e Curitiba, alude a essa vontade de transpor o tradicional, em um corpo volumétrico que conforma um conjunto com três partes distintas, marcadas por ritmos e simetrias. A esquina esquerda é um bloco de superfície curvilínea, prescindindo de qualquer ornato decorativo, em clara alusão às composições da nova objetividade. O corpo central reaviva os arabescos de inspiração marajoara, nas grades de portas e janelas, motivos que já tinham aparecido no projeto do suposto autor para o MÊS, porém emolduradas por uma superfície limpa e geométrica. A partir de álbum encontrado no blog http://antiguinho.blogspot.com/2018/06/antigo-edificiosede-dos-correios-e.html, observa-se um interior onde predominavam espaços amplos, pisos em ladrilho hidráulico, estrutura inovadora, com uso do concreto, e algum decorativismo déco, o que determinava um claro contraste entre exterior e interior. Escadas com desenhos orgânicos e elegantes, as aberturas moduladas em vãos com basculantes em vidro e outras, ao que parece, em persianas de madeira, evidenciam uma linguagem que oscila entre um tradicionalismo e as novas soluções formais do racionalismo.














Obs.: Nas imagens das plantas e elevações que tivemos acesso não está legível a assinatura nem data do projeto, no entanto, a notícia publicada no jornal Folha do Norte afirma que o projeto já havia sido aprovado pelo governo e que era de autoria de Archimedes Memória.