1898 — projetos suecos em madeira destinados ao Pará

O português Blog da Rua Nove mostra imagens de diversos projetos, datados aproximandamente de 1898, desenvolvidos pela empresa suéca J. O. Wengströms de Estocolmo para contrução no Brasil.
Deles 12 (doze) têm o carimbo do “Escriptorio de Engenharia Olympio L. Chermont & Cia. ESCRIPTORIO Rua Conselheiro João Alfredo, 47-1º PARÁ-BRAZIL”.
Pelas investigações na Internet seria a reedição datada de 2002 de um catágolo dos anos 189o e o “ESCRIPTORIO” em questão de Olympio Leite Chermont*:

*Olympio Leite Chermont: “Olympio Chermont, engenheiro paraense e participante do 1º Congresso Médico de Pernambuco, aborda neste trabalho o tema “Casa Operária”, assunto bastante discutido em todo o mundo no início do século XIX. Partindo da problemática situação da habitação dos trabalhadores neste período, com seus conhecidos aspectos negativos (ausência de iluminação, pouco espaço disponível, falta de higiene, insalubridade, precariedade dos materiais, etc) e seus reflexos nas cidades, o engenheiro procura estabelecer um tipo de casa operária ideal. No texto, o autor divide a habitação para proletários em três classes: casas para solteiros; casas para pequenas famílias de trabalhadores empregados na indústria e na agricultura; e casas para famílias mais numerosas. Segundo Chermont, o ideal de todos os projetos seria oferecer casas saudáveis, sólidas e econômicas. Para tanto, colocou como condições necessárias à salubridade de qualquer casa operária: a utilização de terrenos pouco úmidos; o planejamento de boas condições de saneamento da habitação; a separação da edificação do solo através de um embasamento de aproximadamente 0.50 m, etc. No Brasil, o engenheiro destaca as iniciativas mais significativas neste sentido. No Rio de Janeiro, em 1906 , a “A Pedra do Lar” (Cooperativa Civil para construção de casas em Niterói) forneceu casas higiênicas e econômicas a seus sócios. Em São Paulo, o autor registra a regulamentação para a construção de casas e vilas operárias prescrita na Lei n. 498, de 14-12-1900. Em Pernambuco, Chermont afirma não existir, neste momento, legislação que orientasse este tipo de construção. Destaca então, o estabelecimento da Vila Operária de Camaragibe, implantada pela Companhia Industrial Pernambucana na primeira década do século. Em 1909, a referida vila contava com: 155 casas bem arejadas (com quintal e jardim cada uma), 5 escolas, 1 armazém cooperativo, padaria, consultório médico, sede do Círculo Católico, etc. No texto, Olympio Leite Chermont expõe o problema das más condições de moradia dos trabalhadores e coloca-o como um dos maiores agravantes para propagação das epidemias no mundo. Visando acabar com as causas da mortalidade, ações em todo o mundo defenderam a fundação de vilas operárias higiênicas e saudáveis, e a extinção das construções anteriores – verdadeiros focos de infecção. Em Pernambuco, simultaneamente à erradicação de mocambos e cortiços nos anos 30 e 40, a iniciativa privada construiu diversas vilas operárias que constituiram modelos de comunidades higienizadas e marcaram um período caracterizado por uma forte política habitacional.” (http://www.urbanismobr.org/bd/documentos.php?id=787)

Estamos a procura de laços familiares entre Olympio Leite Chermont e Justo Leite Chermont — primeiro governador republicano do Pará, contemporâneo de Olympio, depois Senador da República que, em 1919, “apresentou projeto de lei estendendo o direito de voto às mulheres, não conseguindo, porém, sua aprovação“.
Olympio Leite Chermont é citado, por seus “Estudos sobre cemitérios“, às páginas 255 e 256 de MEDICINA, LEIS E MORAL Pensamento médico e comportamento no Brasil (1870-1930) de José Leopoldo Ferreira antunes.
E em “A construção discursiva da casa popular no Recife (década de 30)” de José Tavares Correia de Lira, à página 743: “Olympio Leite Chermont, <<Casas para proletários>>, in Annaes do I Congresso Médico de Recife, 1909 (v. especialmente pp. 601 e 602, em que Chermont cita Cotrim).”.

Observamos que: se Olympio pertenceu ao tradicional clã Chermont, o cenário (econômico, social e político) favorecia a implementação dos chalés suécos na capital e/ou interior paraenses; portanto, alguns podem ter sido erigidos.

Adendo à postagem (em 22 de setembro de 2010):
“De blogdaruanove a 21 de Setembro de 2010 às 10:51
As imagens são reproduzidas de um exemplar original, de cerca de 1898, e não de um exemplar da reedição de 2002.
Esse exemplar original terá pertencido a Olympio Chermont, ou ao seu atelier, conforme o carimbo atesta.
BR9″.

Sobre o Projeto Laboratório Virtual - FAU ITEC UFPA

Ações integradas de ensino, pesquisa e extensão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará - em atividade desde maio de 2010. Prêmio Prática Inovadora em Gestão Universitária da UFPA em 2012. Corpo editorial responsável pelas publicações: Aristoteles Guilliod, Fernando Marques, Haroldo Baleixe, Igor Pacheco, Jô Bassalo e Márcio Barata. Coordenação do projeto e redação: Haroldo Baleixe. Membros da extensão do ITEC vinculada à divulgação da produção de Representação e Expressão: Dina Oliveira e Jorge Eiró.
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19 respostas para 1898 — projetos suecos em madeira destinados ao Pará

  1. Ademar Marinho D'Oliveira disse:

    Como muito viajei ao Brasil e a Belém na década de 1960, ainda vi exemplares que lembravam os projetos catalogados e expostos no BLOG DA RUA 9. Se não foram construídos à semelhança projectual, podem ter sidos copiados ao feitil deles, ou adaptados à região de planície em questão, principalmente na ilha do Mosqueiro, que era repleta de belíssimo casario europeizado, antigas residências de operários graduados como os engenheiros-construtores ingleses que trabalhavam no Port of Pará. Na década de 1890 a atividade econômica no Pará era intensa por causa da borracha. Não só ingleses por lá estiveram, mas muitos cidadãos, obrigados a ser do munto, pela falta de emprego em seus países de origem. Belém do Pará era aprazível a toda essa gente.

  2. Jussara Derenji disse:

    Caro Baleixe, Olympio Leite Chermont formou-se pela Ecole des Mines, de Paris. Foi casado com Violeta Esperança Bayma Travassos. Creio que era descendente do Visconde de Arary, filho do coronel José Leite Chermont e então seria um dos membros destacados do partido republicano paraense. Podes consultar a respeito o livro de Victorino Chermont de Miranda: A familia Chermont, rio de janeiro, 1982.

    • victorino chermont de miranda disse:

      Apenas um pequeno reparo e um complemento à informação acima. Olympio era filho do Visconde de Arary e irmão, entre outros, de Justo Leite Chermont, do deputado federal e constituinte de 1891 Pedro Leite Chermont, do jornalista Antonio Leite Chermont, de A Província do Pará, e do citado coronel José Leite Chermont.

  3. Fernando Edmundo Chermont Vidal disse:

    Seguindo os Chermont: Pedro Leite Chermont era pai de Pedro, Edmundo, Carmen, Rodolfo (que foi prefeito de Belém, 1945-1950) e Itala. Edmundo Silva Santos Chermont era meu avô. Deixou viuva Stella Ribeiro da Silva Chermont. Eram pais de Maria das Dores Chermont Vidal casada com o Pretor Fernando de Aquino Vidal, meus pais, este já falecido. Fernando e Maria das Dores Chermont Vidal. Tiveram três filhos Fernando Edmundo Chermont Vidal (eu), Dora Stella Chermont Vidal e Antonio Maria Chermont Vidal (faleceu em NY-USA em 1989). Sou casado com Gisela Rodrigues Chermont Vidal e tenho três filhos Andressa Rodrigues Chermont Vidal casada com Artur Souza, Bruno Rodrigues Chermont Vidal casado com Monique Godinho Estrela que tem um filho Lucas Estrela Chermont Vidal. Como podem ver mantivemos o sobrenome Chermont. Infelizmente no livro de Vitorino Chermont eu e meus irmãos não somos citados, pois minha avó já de idade avançada não forneceu as informações corretas. Sugiro assim uma segunda edição ao livro atualizando pois de lá para cá já tem mais Chermont.

    • Anne Goupille disse:

      Good day, I am making research on Itala Chermont, born 3.09.1900 in Brazil, who married Dr. V. L Pierre Goupille (1900-1985) and died 7.11. 1993. They did not have any children. Is she your great-aunt? Could you please then confirm she was the daughter of Pedro Leite Chermont. What was the name and surname of her mother. Could you also tell me the exact place she was born. We are trying to complete the genealogy of the Goupille family in Mauritius. Best regards Anne Goupille

  4. Fernando Edmundo Chermont Vidal disse:

    Por uma falha lamentável, esqueci de meu filho mais novo, Fabrício Rodrigues Chermont Vidal que casa com Vivian Rodrigues em dezembro p.f.

  5. Fernando Edmundo Chermont Vidal disse:

    Ainda temos o Armando Chermont, filho do Pedro Leite Chermont que me esqueci de citar.
    Os outro irmão de meu avô tem filhos e estão em Belém a maioria.

    • Prezado Fernando
      Ainda lembro como hoje, quando teu pai foi promotor em Ponta de Pedras, e vocês moravam em uma casa que dava aos fundos para a nossa, proporcionando a confecção de um portão, que transformava os dois quintais em um só, para podermos brincar. Sou filho de Paulo Chaves de Figueirêdo, que foi muito amigo de teu pai, assim como nossa familia, de todos vocês. Que saudades daqueles tempos que não voltam mais. Gostaria muito de revê-lo, ou pelo menos manter contacto via e-mail. Tambem tenho um irmão chamado Fernando, que mora em Brasilia, e me entristeceu bastaste saber da morte de seu irmão.
      Um grande abraço de saudades do amigo passageiro de infância.

      ARMANDO MALATO DE FIGUIRÊDO

      • Fernando Vidal disse:

        Prezado Armando

        Claro que me lembro de teu pai e de você, realmente foram bons tempos. Estou em Brasília, desde1974 e sou professor da Universidade de Brasília. Creio deves ser parente de Antonio Malato, pai do Carmosino, Clóvis e do Célio e de uma menina que não me lembro o nome, que trabalhou com meu pai em Ponta de Pedras. A última vez que lá estive foi em 1960. Vou sempre a Belém e tenho enorme vontade de ir até lá. De 17 a 25/06 estive em Belém, com minha esposa filho e neto, para os 93 anos de minha mãe que mora com minha irmã, a Dora Stella, deves lembrar das duas. Me passa o telefone e endereço de teu irmão, bem como os teus. Quem sabe ao ir a Belém possamos ir a Ponta de Pedras, lugar de onde tenho as mais gratas recordações. A casa que morávamos, fica ou ficava em uma esquina. A última vez que lá estive em 1960 ficamos na casa de um amigo do meu pai que chamavam de Juquinha, deves lembrar. Talvez vá com minha família passar o Natal em Belém, aí nos vemos.
        Um abraço e até nos vermos,
        Fernando.

        P.S. SQN 206 Bloco A ap. 601
        Asa Norte
        70.844010
        61 32634487/81304927/31075551

    • Simone de Amorim Chermont disse:

      O nome desse irmão que também é filho de Pedro Leite Chermont é Armando da Silva Santos Chermont e que tem um filho único Tadeu Montenegro Chermont casado e tem 2 filhos Patrícia e Rodrigo que moram no Rio de Janeiro.

      • Anne Goupille disse:

        Genealogia da familia Goupille – Mauritius
        Bom dia. O meu português é muito fraco, peço desculpa. Fazendo investigaçäo um Itala de Chermont (3.09.1900 – 7.11.1993). Casava-se com o Dr V. L. Pierre Goupille (1900 – 1984). Eles vivian no Mauritius. Nao temos de seu casamento data, seu lugar onde nasceu, o nome seus pais. A minha lingua materna é francês (fluentes em inglês). Os meus agradecimentos pela vossa ajuda.
        Anne Goupille

      • Fernando Chermont Vidal disse:

        Simone, voce é neta de qual Chermonjt. Abs. Fernando

      • simone disse:

        Na verdade os netos de Armando da Silva Santos Chermont são Rodrigo e Patrícia.
        Um abraço

    • Tadeu disse:

      Armando da Silva Santos Chermont também tem apenas um único filho que se chama Tadeu Montenegro Chermont, casado e pai de 2 filhos.

      • Fernando disse:

        Tenho um cunhado que moraq em Niteroi, e eu mesmo morei no RJ de 68 a 69 quanto fize p´so na PUC. Abs. Fernando E. Chermont Vidal

  6. Fernando Vidal disse:

    Sei, mas você é neta de qual?

    • Simone de Amorim Chermont disse:

      Eu sou a esposa do Tadeu.

      Tadeu Montenegro Chermont que é o neto de Pedro Leite Chermont, sendo Tadeu o único filho de Armando da Silva Santos Chermont.

      Um abraço.

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