Divulgação — em novembro Otto Guerra estará em Belém

Diário do Pará – Segunda-feira, 04/10/2010, 03h41
Amazônia Doc traz Otto Guerra, de ‘Wood & Stock’

Responsável por produções como o premiado “Rocky & Hudson” (1994) e o irreverente “Wood & Stock, sexo, orégano e rock’n’roll” (2000), o animador gaúcho Otto Guerra é um dos convidados da segunda edição do Amazônia Doc – Festival Pan-Amazônico de Cinema, que acontece de 3 a 7 de novembro em Belém. No mercado desde 1978 e considerado um dos principais nomes da animação brasileira, Otto ministra a oficina Documentário e Animação dentro da programação do festival. As inscrições, gratuitas, serão abertas na próxima sexta (8).
Em entrevista, ele comenta a transição do processo de criação analógico para o digital – que classifica como uma experiência “traumática” – e afirma que ainda falta percorrer uma longa estrada até chegarmos a algo parecido com uma indústria cinematográfica de animação no Brasil. “Os produtores de cinema são os ‘independentes’ que necessitam apelar a concursos e verbas públicas”, diz, enfático. Confira a seguir o bate-papo.

P: O processo de produção de animação passou pela transição do modelo analógico para o digital. Como foi enfrentar estas transformações?
R: A transição foi traumática. Do dia para a noite mudou todo o suporte. Aliás, o digital transformou o suporte do real para o virtual, algo bem contundente mesmo. Levei uns cinco anos para começar a me adaptar e largar o analógico (doei as máquinas imensas que custaram uma fortuna para museus) e foi através de um jogo em 3D chamado Doom que me afeiçoei ao mundo digital, vi que poderia ser amigo. De lá para cá (meados de 1995) o mundo da animação ficou bem mais acessível e fácil. Nada mais de tintas, papéis, pincéis, filmadoras, moviolas, projetores, acetatos, secadoras, etc.. uma única ferramenta substituiu todas, o computador. Mas o que interessa mesmo segue igual: a habilidade e a criatividade humana. O computador é uma ótima ferramenta, mas não define nada em termos de criação e animação.

P: Como você poderia descrever o mercado atual de animação no Brasil? Percebe um espaço maior para produções para cinema, como “Wood e Stock, sexo, orégano e rock´n´’roll”?
R: A indústria audiovisual no Brasil segue sendo a televisão. Os produtores de cinema são os “independentes” que necessitam apelar a concursos e verbas públicas. Falta uma estrada até chegarmos a algo parecido com uma indústria cinematográfica no Brasil. Porém a animação vem caminhando a passos largos, desde o advento da computação gráfica, graças ao barateamento do processo.

P: A oficina que você vai ministrar vai falar da combinação da animação com o documentário. Qual a parte mais difícil na união destas duas técnicas, que, à primeira vista, têm características tão contrastantes? E qual vai ser a metodologia da oficina para abordar o assunto?
R: A animação permite recriar o mundo. O documentarista está se dando conta dessa facilidade e começando a usar cada vez mais essa linguagem. Fiz nos últimos tempos uns três trabalhos que integravam documentários. Na televisão esse casamento dura mais tempo. Na oficina pretendo mostrar os fundamentos da animação e as possíveis vantagens e técnicas de animação junto aos documentários.

P: Por fim: você começou a se interessar pelo desenho ainda na infância. Para trabalhar com animação, acha que é necessária esta dedicação desde cedo? Que características você acha que dão subsídios para quem busca se tornar um bom criador de animação?
R: Como qualquer atividade humana, a pessoa tem que se dedicar muito para ser um bom animador, quanto antes começar tanto melhor, mas isso não impede de que se comece a qualquer momento de nossas vidas. Desenhar muito é a chave, observar e interpretar o mundo. Mas eu creio que a literatura e a filosofia podem nos ajudar a interpretar e reproduzir o mundo que vivemos.

DIVERSIDADE

O Amazônia Doc chega à segunda edição com a idéia de apresentar um panorama diversificado da produção audiovisual do Brasil e dos outros países que compõem a Pan-Amazônia: Venezuela, Peru, Equador, Bolívia, Colômbia , Suriname e Guiana Francesa). Além da competição e exibição de filmes, festival também é uma oportunidade de aprendizado e de debate das técnicas cinematográficas. Serão realizadas quatro oficinas gratuitas paralelamente às mostras: ‘Roteiro e Direção para Documentários’, ‘Animação para Documentários’, Documentário e Animação, Mídias Móveis e Cinema para Crianças. As inscrições, gratuitas, poderão ser realizadas no período de 8 a 30 deste mês.

PARTICIPE

Amazônia Doc – Festival Pan-Amazônico de Cinema, de 3 a 7 de novembro, no Cinema Olympia, Cine Líbero Luxardo e Fórum Landi. Realização do Instituto Culta da Amazônia, com produção da ZProduções Cinematográficas, patrocínio da Oi, por meio Governo do Estado do Pará, através da Lei Semear, e apoio cultural da Oi Futuro e Ecleteca Cultural. Informações: www.amazoniadoc.com e 8421-5066, 8209-2248.

Fonte: Diário do Pará

Assista ao filme Wood & Stock: sexo, orégano e rock’n roll; aqui dividido em oito partes com dez minutos de duração em média.

Sobre o Projeto Laboratório Virtual - FAU ITEC UFPA

Ações integradas de ensino, pesquisa e extensão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará - em atividade desde maio de 2010. Prêmio Prática Inovadora em Gestão Universitária da UFPA em 2012. Corpo editorial responsável pelas publicações: Aristoteles Guilliod, Fernando Marques, Haroldo Baleixe, Igor Pacheco, Jô Bassalo e Márcio Barata. Coordenação do projeto e redação: Haroldo Baleixe.
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