Totalidade do “aquecimento” preliminar ao espetáculo.
Na Alemanha a universidade mantém, de modo natural e filosófico, relações com a educação básica; partindo dessa premissa, o professor titular de literatura da USP, Willi Bolle, raciocinou um experimento que estreitasse a convivência desses ensinos em Belém do Pará.
Sempre aportando por estes rincões parauaras, dando continuidade à sua pesquisa sobre a obra literária de Dalcídio Jurandir, Willi, que possui tardia graduação em teatro pela USP, intuiu dramatizar PRIMEIRA MANHÃ e PONTE DO GALO em uma escola pública da periferia de Belém, justamente em um dos locais mais desassistidos da Cidade: o bairro da Terra Firme.
O sorteado foi um grupo composto por professores e alunos da Escola Estadual Doutor Celso Malcher.
Bolle com eles trabalhou Dalcídio, criando um paralelo de vivências e estabelecendo os meios ao entendimento profundo de causas e efeitos atemporais.
Walter Benjamin, santo de cabeça de Willi Bolle, é o assistente de direção: compara suas próprias análises da urbe com às de seu contemporâneo marajoara; o que é surpreendente à dupla alemã: se professores e alunos compreendem a Cidade do ponto de vista caboclo de Dalcído, por quê não entender a Europa que viu Benjamin?
A ideia, pela ótica pedagógica, é espetacular; Bertolt Brecht aplaudiria a adaptação, de pouco mais de dez laudas.
Uma cena da montagem de Willi Bolle ontem, na UNAMA; valendo.
Leia Dalcídio, Bolle e a “rapaziada” da Escola Estadual Celso Malcher; por Paulo Nunes.