No site do Atelier Heráldico, como exemplo nº28, encontramos o resultado da encomenda feita pelo Tribunal de Justiça do Estado do Pará: um brasão com custo de 150 Reais (à época do pedido) para falsear-lhe a imagem de uma tradição mais que centenária.
O emblema (dito respaldado pela heráldica) do TJE-PA exalta a águia guianense estilizada que pousou no escudo da Universidade Federal do Pará de modo apócrifo e silente, mas que caiu nas graças da Instituição (UFPA) e por ela é veiculada oficial e ignorantemente há um bom tempo — para não sermos taxados “do contra” a usamos na página do UFPA 2.0 como imagem-link ao Portal que lhe dá nonsense* chancela.
Ao que parece há duas correntes invisíveis na Universidade: uma adepta da tradição, outra, da modernidade; isso justificaria que no contraponto desse maniqueísmo sobrou largo espaço a esse desenho não autoral: não é de Maÿr, não é de Alcyr, não é de ninguém.
O portal da UFPA guarda uma vergonha nacional: “Concurso Logomarca da UFPA sem vencedor” (notícia veiculada em 30/10/2006); ou seja, 806 pessoas de todo o país foram ludibriadas porque acreditaram que a Universidade estivesse verdadeiramente interessada em modificar sua identidade visual por 15 mil Reais (valor do prêmio).
Talvez a banda que vê na simbologia águia o retrato da Ditadura Militar (ou simplesmente do déspota universal) ou da americanização imposta pelo império estadunidense — reforçada pelas cores vermelha, azul e branca — quisesse vencer a trupe da nostalgia que coleciona velhos souvenirs como broches, abotoaduras, medalhas, etc.; não conseguiu.
Outros atos domésticos, obscuros e atrapalhados se seguiram ao Concurso, feios por assim dizer, mas também não lograram êxito e a águia não foi derrubada.
Possivelmente a Universidade Federal do Pará do hoje nada tenha a ver com o ontem, mas dele não pode se desvencilhar, porque seria um ato injusto com a Memória e a História institucional.
Mexer nesse vespeiro é perigoso e não acreditamos que um reitor consiga equacionar esse melindroso problema diplomático sem a astúcia de uma Águia de Haia.
*“Mentiras, repetidas à exaustão, viram verdades”; ou, algo à semelhança de, apregoado por Joseph Goebbels.
Nem tinha noção que essa ave tinha tanta importância para a UFPA, mas isso é muito curioso.