Site Specific
Outros nomes
“Sítio Específico”
Definição
O termo sítio específico faz menção a obras criadas de acordo com o ambiente e com um espaço determinado. Trata-se, em geral, de trabalhos planejados – muitas vezes fruto de convites – em local certo, em que os elementos esculturais dialogam com o meio circundante, para o qual a obra é elaborada. Nesse sentido, a noção de site specific liga-se à idéia de arte ambiente, que sinaliza uma tendência da produção contemporânea de se voltar para o espaço – incorporando-o à obra e/ou transformando-o -, seja ele o espaço da galeria, o ambiente natural ou áreas urbanas. Relaciona-se de perto à chamada land art [arte da terra], que inaugura uma relação com o ambiente natural. Não mais paisagem a ser representada, nem manancial de forças passível de expressão plástica, a natureza é o locus onde a arte se enraíza. O espaço físico – deserto, lago, canyon, planície e planalto – apresenta-se como campo em que artistas realizam intervenções precisas, por exemplo em Double Negative [Duplo Negativo], de 1969, em que Michael Heizer (1944) abre grandes fendas no topo de duas mesetas do deserto de Nevada, ou em Spiral Jetty [Píer ou Cais Espiral], que Robert Smithson (1938 – 1973) constrói sobre o Great Salt Lake, em Utah, Estados Unidos, em 1971.
É possível afirmar ainda que as obras ou instalações site specific remetem à noção de arte pública, que designa, em seu sentido corrente, a arte realizada fora dos espaços tradicionalmente dedicados a ela, os museus e galerias. A ideia que se trata de arte fisicamente acessível, que modifica a paisagem circundante, de modo permanente ou temporário. Algumas obras de Richard Serra (1939) que exploram a relação com o ambiente, sobretudo pela intervenção no espaço urbano, são por ele mesmo definidas como site specific, por exemplo o Tilted Arc, 1981, gigantesca “parede” de aço inclinada colocada na Federal Plaza, em Nova York. Essa obra, afirma o artista, “foi elaborada para um lugar específico, em relação com um contexto específico e financiada por esse contexto”. Para sua elaboração o lugar é examinado em todas as dimensões: desenho da praça, arquitetura, fluxo diário de transeuntes (o Tilted Arc é destruído em 1999, após longa disputa judicial, pelo governo federal dos Estados Unidos, mesma instância que encomenda a obra e a instala na Federal Plaza, ao sul de Manhattan).
No Brasil, seria possível aproximar da ideia de trabalhos site specific algumas experiências artísticas realizadas sobre o ambiente natural, como por exemplo as que têm lugar do Projeto Fronteiras, desenvolvido pelo Itaú Cultural em 1999, quando nove artistas – Angelo Venosa (1954), Artur Barrio (1945), Carlos Fajardo (1941), Carmela Gross (1946), Eliane Prolik (1960), José Resende (1945), Nelson Felix (1954), Nuno Ramos (1960) e Waltercio Caldas (1946) – realizam intervenções em diferentes lugares das fronteiras do Brasil com países do Mercado Comum do Sul (Mercosul). Algumas experiências urbanas de Antonio Lizarraga (1924) e de Gerty Saruê (1930) nos anos 1970, cujo primeiro resultado é Alternativa Urbana – dá origem, entre outros, à intervenção artística na rua Gaspar Lourenço, Vila Mariana, São Paulo – guardam alguma proximidade com a ideia de trabalho e intervenção em contextos específicos. O Espaço de Instalações Permanentes do Museu do Açude, no Rio de Janeiro, circuito ao ar livre criado em 1999, conta com obras contemporâneas pensadas precisamente para o local, como as de Lygia Pape (1927 – 2004), Iole de Freitas (1945), Nuno Ramos e José Resende.
Atualizado em 04/11/2010
Fonte: Itaú Cultural.
Imagem ampliável da obra Olho D’água no tempo de sua inauguração − junho de 2009 − recentemente transposta do local planejado pelo artista plástico Acácio Sobral para dar lugar a um prédio de 5 pavimentos que abrigará salas de aula, um investimento do REUNI na ordem de 20 milhões de Reais.
A construção, que inaugura a verticalização do Campus Universitário do Guamá descaracterizando uma obra de arte pública, tem provocado descontentamentos na classe artística de Belém e, mais recentemente, manifestação contrária do Conselho da Faculdade de Artes Visuais do ICA − tal expressão de opinião tornou-se pública à academia, em caráter oficial, pelo DIVULGA da UFPA.
Então quer dizer que a escultura tem uma razão de ser cultural e com o meio ambiente o que é muito bacana.
Mas 20 milhões compram ética e estética ainda sobrando troco para a hombridade de alguns.