Lotta*
Nasce em Paris, no dia 16 de março de 1910, Maria Carlota Costallat de Macedo Soares, seu pai José Eduardo, então Primeiro-Tenente da Marinha baseado na Europa, sua mãe Adélia de Carvalho Costallat, irmã do famoso jornalista e cronista carioca Benjamin Costallat, teve mais uma filha em Paris, Maria Elvira, conhecida por Marieta.
José Eduardo deixa a armada em 1912, voltando ao Brasil com sua família, chegando ao Rio de Janeiro funda o jornal O Imparcial, precursor do Diário Carioca.
No fim de 1915, José Eduardo, compra a Fazenda Samambaia, incluindo a Casa Grande, vinda de meados do século XVIII e demais benfeitorias.
Lotta, aos 5 anos, chega onde o destino teria reservado o melhor para sua vida: Samambaia.
Com O Imparcial, José Eduardo, insuflava o pensamento crítico, desde a campanha civilista com os discursos inflamados de Rui Barbosa ao surto modernista do início dos anos 20 e a dura oposição ao governo de Epitácio Pessoa e suas fraudes.
A vitória contumaz de Arthur Bernardes, fruto da “eleição a bico de pena”, do “voto de cabresto” e dos “currais eleitorais” envolvia o pleito em aura de suspeição, abalando a credibilidade e deflagrando a Revolta Tenentista em 05 de julho 1922, tendo como marco o episódio dos “Dezoito do Forte”.
Assumindo o governo em 15 de novembro de 1922, Arthur Bernardes, decreta estado de sítio no país, O Imparcial é fechado definitivamente, José Eduardo é preso em sua propriedade em Maricá e transferido com outros presos políticos para instalações na Ilha Rasa.
Com o auxílio de sua brilhante imaginação e de seu irmão José Roberto, José Eduardo consegue fugir do seu cárcere e do país, exilando-se com sua família na Europa.
Lotta, então com 13 anos, passa a frequentar um dos melhores colégios internos da Suíça até os seus 18 anos, em 1928, quando volta com a família ao Brasil.
Adélia Costallat e José Eduardo se separam em 1929, na partilha dos bens a Fazenda da Samambaia fica para Dona Adélia.
Dois anos de governo de Getúlio Vargas bastaram para transformar o ídolo de José Eduardo em um ditador imperdoável. Na oposição mais uma vez o Diário Carioca é empastelado por forças getulistas.
Temendo por sua vida e pelo confisco de seus bens pelo governo, José Eduardo transfere todas as suas propriedades, incluindo as terras de Maricá, Saquarema e o próprio Diário Carioca, para Horácio de Carvalho Junior, por quem tinha grande afeto, admiração e confiança.
Horácio passa a ser o administrador dos negócios, enquanto José Eduardo se dedica ao jornalismo e a política, tornando-se Senador da República em 1934.
Lotta e Marieta com isso ficaram sem a herança oriunda da família Macedo Soares. Lotta não concorda com a transferência do controle dos bens para Horácio, fica magoada com o pai, mas respeita sua decisão. Marieta ao contrário, inconformada, luta na justiça pela anulação da doação e briga com Lotta por não acompanhá-la na empreitada.
Em 1940, Dona Adélia vende a Casa Grande de Samambaia e as terras circunjacentes para a Família Leite Garcia, reservando no entanto cerca de um milhão de metros quadrados da propriedade que foram transmitidos em partes iguais as suas filhas Lotta e Marieta.
A Casa Grande da Fazenda Samambaia, parada obrigatória de tropeiros no caminho do ouro no século XVIII, foi restaurada em 1942 pelo arquiteto Wladimir Alves de Souza e atualmente é sede do Instituto Samambaia de Ciência Ambiental – ISCA.
*Pela lógica, a grafia correta seria LOTA, contudo, o Instituto LOTTA de Cultura e Arte-educação utiliza dois tês.
Fonte: Instituto Lotta.
Fonte: Globo Filmes.
Excelente filme, um serio candidato ao OSCAR, contando uma história de amor, de paixão e a mistura de duas vidas dispares. No entanto apesar do diretor ter sido anos atrás agraciado com uma distinção pelo IAB/RJ – PERSONALIDADE DO ANO, o que vimos no Filme é o total “esquecimento” da participação do Arquiteto Affonso Reidy, bem como do Paisagista Burle Marx, ambos os reais autores dos projetos do Parque do Flamengo, idealizado e implantado sim por Lotta Macedo Soares. Detalhes profissionais que certamente não serão considerados pelo público, é um bom filme cuja produção de época é esmerada e tem seus acertos e vicios de origem, (lagoxcampo de futebol) exemplificando seu elitismo, como anunciado no filme.
Não é possível esquecer a autoria de Sergio Bernardes, o arquiteto da casa da fazenda da Samanbaia … assim sendo no filme temos ao menos “3 lapsos de memória” …