Fotografia do “Hospital de Lazaros da Tucunduba” obtida no site Casa de Oswaldo Cruz, sobre aerofotografia supostamente de 1955.
As marcações mostram, de modo impreciso já que usamos apenas a proporcionalidade das imagens disponíveis, que o local do desaparecido leprosário do Tucunduba está do outro lado da ponte da Avenida Perimetral da Ciência sobre tal igarapé, em área mais ou menos limitada pelo quadrilátero descrito pela Rua da Olaria ‒ Oeste; pela Rua Fé em Deus ‒ Norte; pela passagem Tucunduba ‒ Leste; e, pela Rua Lírio do Vale ‒ Sul.
Para melhor entender o que foi o HOSPÍCIO DOS LAZAROS (inscrição na fachada) ‒ além de um hospital “… instalado em antiga olaria antes pertencente aos religiosos mercedários, construída para fornecer tijolos e telhas para as casas em construção na cidade de Belém…”, segundo Arthur Vianna ‒; sugerimos a leitura da análise Escravos no purgatório: o leprosário do Tucunduba (Pará, século XIX), de Márcio Couto Henrique, professor da Faculdade de História e do Programa de Pós-graduação em História Social da Amazônia da Universidade Federal do Pará, do qual tomamos emprestado um recorte elucidativo:
Escravos no purgatório: o leprosário do Tucunduba (Pará, século XIX); por Márcio Couto Henrique.
Ler também A História do Asilo do Tucunduba; por José Maria de Castro Abreu Júnior; de onde copiamos a seguinte fotografia:
Observação do BF: a fotografia encontrada na Casa de Oswaldo Cruz é datada de 1921, tendo o leprosário sido extinto no ano de 1938; já a fotografia aérea, supostamente de 1955, mostra um grande complexo construído ainda de pé do qual não temos ideia de sua serventia ou mesmo o que dele foi feito no decorrer do tempo, principalmente com a implementação do Campus da UFPA.
Postscriptvm:
Mapa de 1800 enviado pelo arqueólogo Fernando Luiz Tavares Marques, colaborador do Blog da FAU; no desenho há a marcação do “Hospital dos Lazaros” (citado como 31 na legenda):
Fernando intenta, a partir do aperfeiçoamento desta análise imagética, organizar uma visita de reconhecimento do sítio arqueológico para futuras aulas práticas, com escavações, nos programas de Pós-graduação em que ministra aulas na UFPA; Fernando, arquiteto de formação, é pesquisador do Museu Paraense Emílio Goeldi.
Postscriptvm²:
Igor Pacheco, editor do parceiro Fragmentos de Belém, enviou-nos o Plano do Pará (1800) em melhor resolução (ampliável para leitura):
Ver detalhes do mapa em Plano do Pará (1800).
Janelamento que responde ao questionamento de Aristóteles Miranda, nos comentários.
Observamos que a carta não está orientada no sentido Norte, como nas imagens de satélite do Google, mas no sentido Este.
Postscriptvm³:
Igor também nos chama atenção ao fato do Hospital dos Lásaros do Tucunduba estar representado na Planta da Cidade de Belém 1899 | F A U U F P A, apenas como Tucunduba, acrescido de uma simbologia única e sem legenda na carta, como mostra o círculo:
Trabalhamos com a orientação Este para melhor compreensão na comparação do mapa de 1800.
Postscriptvm4:
Notícia sobre a evolução da assistência a alienados no Brasil; por Juliano Moreira
Postscriptvm5 16JUN2017:
Há um equívoco na imagem que tem uma seta apontada à suposta Olaria dos Mercedários; na realidade trata-se de uma olaria mais recente, a São Martinho: O Blog da FAU errou na localização do Hospício dos Lázaros do Tucunduba.
Intrigante, porém não surpreendente, esta revelação. É próprio de uma sociedade preconceituosa e ignorante “esconder” dos citadinos a visão das deformidades e de um mal que é mais social do que puramente médico. Ainda estamos por resgatar o purgatório da colônia do Prata em Marituba. Talvez o estabelecimento dos lázaros no Tucunduba tenha sido transferido para lá, logicamente por ser mais longe de Belém, “resolvendo” o problema.
Parabéns, Baleixe.
Que trabalho interessante esse resgate antropo-geográfico.
Este site é um grande serviço da UFPA para a pesquisa em colégios e faculdades.
Conheci o chamado Blog da FAU através dos meus alunos, pensei que Fau fosse o nome de uma professora de história ou sociologia..
Parabéns pelo conteúdo e muito sucesso para que muitos se beneficiem do conhecimento produzido.
Eu tenho o documento de divisão de uma herança entre duas moças. Uma delas herdou algumas terras que iam até por la. http://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com.br/2013/05/quem-sabe-com-casaram.html
O pedaço q interessa é este: esse detalhamento continua por várias paginas falando inclusive ”… da Olaria Sant’Antonio da Pedreira, situada a margem direita do rio Guajará, com meia légua de terrenos de frente, a começar do igarapé Chermont até o igarape Tocunduva, com fundos até a sala que serve de hospital dos lázaros…”
Não dá pra identificar o número no mapa do Fernando.
Que tal uma “setinha”?
agora, sim. Muito bom. E que venham os artigos sobre o assunto.
Parabéns professor!
Tenho certeza que a maioria das pessoas não sabe que existiu o Hospício dos Lásaros nem onde ficava.
Todos deveriam se informar a respeito.
É a história da cidade.
Parabéns pelo excelente trabalho,trazer a tona o passado dos belenense/Paraense é sempre estarrecedor mas serve de ponto de partida para nos precavermos quanto aos maus políticos que exercem funções apenas pelos bons salários e não para tentar mudar a vida de pessoas que tanto sofrem com o caos instalado em nossa cidade !
Parabéns… foi através do mapa de vocês que pude me localizar na história em relação aos cemitérios de Belém. Posso até está enganado, porém as histórias que ouvia sobre a praça da republica ter sido um cemitério, e que o Soledade era enorme, não condiz com os mapas da época. Acredito que o da Soledade, de um modo específico foi uma confusão na interpretação do mapa, pois na verdade o nome indicava um pequeno espaço e não o todo da escrita no mapa.
Obrigado pelo site e os dados históricos.
Deus abençoe!!!