Desde a monarquia, quando Manoel Odorico Nina Ribeiro fez levantamento para a Vereação do Quinquênio 1883-1886, previa-se um largo de grandes dimensões, com área superior ao Bosque Rodrigues Alves ― o Presidente da Câmara Municipal era João Diogo Clemente Malcher (1882-1886), pois o termo Intendente Municipal só seria adotado de 28 de outubro de 1891 a 11 de novembro de 1930; com a Revolução de 1930, adota-se Prefeito Municipal.
O Largo de São Brás, depois chamado Praça Floriano Peixoto na Planta de Sidrim (1905), limitava-se ao norte pela Estrada de São Jerônimo (hoje Governador José Malcher); ao sul pela Estrada da Constituição, mudada para avenida Gentil Bittencourt; ao leste, pela Barão de Mamoré; e, ao oeste, pela travessa José Bonifácio.
Esse gigantesco logradouro público, com área estimada de 240.000m² (medições tomadas pela régua do Google Earth), só começaria a ser ocupado com a construção do Mercado Renascença entre 1910 e 1911, por Felinto Santoro, também concessionário pela firma Santoro da Costa & C.
Trinta e seis anos mais tarde, no ano de 1947, a Prefeitura Municipal de Belém iniciou uma mobilização popular para erigir um complexo desportivo chamado Estádio Municipal de Belém projetado para ocupar, ao sul do Mercado Renascença (ou de São Brás), 250 metros da José Bonifácio com fundos de 200 metros mínimos ao leste e terreno suficiente à expansão de aproximadamente mais 150m marcados na confluência da Gentil Bittencourt com a perpendicular Barão de Mamoré; nada disto sairia do papel.
No mesmo ano de 1947 a Prefeitura Municipal de Belém cede a área ao norte do Mercado de São Brás, esta refutada pelos idealizadores do Estádio, ao Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários que coloca de pé uma vila de casas nos primeiros anos da década de 1950.
A Praça Floriano Peixoto, de propriedade da Comuna, teve a Vila do IAPI subtraída de sua superfície ao norte; entretanto, o sul, de 250 metros de frente pela José Bonifácio, só possuía pouco mais de 65m no nível daquela travessa, daí em diante a diferença entre cotas chegava a 10m no acentuado declive ao leste ― oneroso para qualquer plano que não o raciocínio ao Estádio pelos arquiteto Davi Lopes e engenheiro civil Augusto Meira Filho.
Em 1949 surge a ideia da Maternidade-Escola de Belém; um projeto moderno patrocinado pelo SESP ― Serviço Especial de Saúde Pública ―, assinado por Jarbas Bela Karman, engenheiro e arquiteto mineiro, então residente (de modo itinerante) em Belém. Pouco se sabe deste hospital que recebeu verbas federais para o início de suas obras e continuação, mais um pedido de concessão de auxílio de 5 milhões de cruzeiros negada pela comissão de finanças da Câmara dos Deputados ao parlamentar Lameira Bittencourt; entretanto, esperamos, em breve, discorrer sobre o assunto ― quando descobrirmos até que ponto ele (o projeto) saiu da prancheta de Karman.
No ano de 1952, com o mesmo clamor popular sempre divulgado na imprensa, aparece o Berço do Pobre de Belém, que pela imagem da maquete, ocuparia, efetivamente, uma ínfima área do enorme espaço vizinho à Nave Sul do Mercado de São Brás:
Decerto a área sul vai sendo ocupada pelo quinhão nivelado pela José Bonifácio surgindo em 1965 o Colégio Augusto Meira que, pela memória dos idosos, mas sem nenhuma comprovação, seria um aproveitamento do esqueleto da Maternidade-Escola de Belém:
O caso Maternidade-Escola de Belém permanece sob investigação para publicações futuras; aguardem.
Referência: O que vai ser o nosso Estádio ― Rápido esboço do majestoso plano; por Augusto Meira Filho.
Colaboração: Aristóteles Guilliod de Miranda.
Postscriptvm (02/03/2015):
Há postagens complementares que dão sequência à investigação: A maternidade-escola que virou colégio em Belém (1) e O gigantesco Largo de São Brás e sua ocupação (2); e nelas: outros avanços.