O Hipódromo da Marquês de Herval (Projeto)

corel318
corel319
As imagens acima ilustram o tópico Hippódromo Municipal do Relatório Lemos 1908

No Relatório Lemos 1907 chama-se de Novo Hippodromo, dito Municipal de Belém, como se fosse ele um substituto do Hipódromo (da Estrada) de São João que pertencia a uma sociedade privada, a Jockey Club Paraense.
Em suma: o capitão José Pinto Villar queria uma concessão para construir e explorar, por 30 anos, um hipódromo em terreno devoluto situado na Marquês de Herval em uma área compreendida entre as travessas Timbó e Barão do Triunfo e as avenidas Marquês de Herval e a ainda não batizada Pedro Miranda; o Legislativo Municipal mostrou-se favorável por intermédio de suas Comissões Permanentes e estabeleceu a Resolução nº165 que autorizou Lemos a firmar contrato com Villar depois de apresentado e aprovado o projeto executivo.
A área que o capitão Villar se interessara já havia sido demarcada na Planta de José Sidrim, desenhista municipal, em 1905; o Relatório 1907 também diz que Sidrim seria o técnico da Secção de Obras Públicas responsável pela análise das plantas e planos apresentados ao intendente pelo interessado nos favores da municipalidade.
Vejamos onde estaria localizado, hoje, o Hipódromo Municipal de Belém:
Comparação Sidrim Google3

A planta da pista encaixa-se na demarcação da praça traçada por Sidrim

Por ora não sabemos que rumo tomou o projeto de Villar para o Hipódromo da Pedreira: nem se houve aprovação de Sidrim — Hippódromo Municipal (1908) fala da aquiescência da Secção de Obras como ato coletivo — à assinatura do contrato, nem se alguma etapa do empreendimento ou ação pública chegou a ser implementada na área.


Postscriptvm:

Tentaremos substituir as imagens do Relatório 1908 por outras de melhor definição; para tal solicitaremos a cooperação do estagiário virtual Mateus Nunes.


Postscriptvm 2 (27/02/2016):

A professora Ana Léa Nassar Matos, em seu artigo Um projetista para a cidade lemista: José Sidrim, atribui a autoria do Projecto do Hippódromo ao desenhista municipal; para tal ela invoca a provável relação entre o intendente Antonio Lemos, o Capitão Villar e José Sidrim:

O capitão José Pinto Villar, solicitante da construção, deveria fazer parte do rol de conhecidos do intendente Lemos, pois frequentavam os mesmos ambientes, como a paróquia de Santana e a Guarda Nacional, instituição da qual também era integrante José Sidrim. O fato de tão jovem arquiteto ter executado um projeto de tamanha visibilidade para a cidade demonstra que a indicação provavelmente tenha partido do próprio Antonio Lemos, que por confiar no talento de seu desenhista, o indicou ao Capitão Villar.

Quando esta postagem foi escrita não tínhamos conhecimento do texto de Ana Léa; nem é, agora, intenção criar cisma à autoria de Sidrim no projeto executivo do Hipódromo da Marquês de Herval; o que causa estranheza é a construção do escrito no Relatório 1907 sobre o Novo Hippodromo que aqui reproduziremos suprimindo os parágrafos [apostos(?)] que entendemos intermediários:

Em cumprimento à citada Resolução n. 165, e para poder ser assinado o contracto respectivo, de que depende a effectividade da concessão e a realização d’esse melhoramento, o sr. José Pinto Villar me apresentou as plantas e planos para a construção do novo prado, dos quaes foi encarregado o profissional José Sidrim.
Essas plantas acham-se na Secção de Obras Municipaes, a fim de que as examine cuidadosamente, emitindo mais tarde o seu parecer o technico respectivo. 

Ao que parece a ambiguidade é causada pela desconexão desses dois trechos, já que respectivo, segundo o Aulete, é “… que compete ou pertence a (quem ou o que foi citado antes)… “.
Estabelecida a sequência há um questionamento eticamente excludente: como um technico da Secção de Obras Municipaes poderia examinar cuidadosamente e dar parecer à sua própria criação?
Ou Sidrim era o profissional, desenhador das plantas; ou, era ele o technico respectivo, analista da planificação apresentada por Villar a Lemos.


Postscriptvm (01/03/2016):

Veja nova superposição e melhores imagens em: O Hipódromo da Marquês de Herval (Projeto) 2.

Sobre o Projeto Laboratório Virtual - FAU ITEC UFPA

Ações integradas de ensino, pesquisa e extensão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará - em atividade desde maio de 2010. Prêmio Prática Inovadora em Gestão Universitária da UFPA em 2012. Corpo editorial responsável pelas publicações: Aristoteles Guilliod, Fernando Marques, Haroldo Baleixe, Igor Pacheco, Jô Bassalo e Márcio Barata. Coordenação do projeto e redação: Haroldo Baleixe.
Esta entrada foi publicada em Arquitetura e Urbanismo, Belém, História e marcada com a tag , , . Adicione o link permanente aos seus favoritos.

2 respostas para O Hipódromo da Marquês de Herval (Projeto)

  1. Ana Léa Matos disse:

    Haroldo faltou você verificar no Relatório de 1908 quando Antonio Lemos anuncia ” estão devidamente aprovados pela Intendência … “Os planos e plantas do Hippódromo Municipal de Belém, que largamente descrevi no volume precedente (Relatório de 1907*) e cuja construção e exploração se acham a cargo de José Pinto Villar, em virtude da Resolução n. 165 que votaste e foi publicada em 11 de Junho de 1907, já estão devidamente aprovados pela Intendencia, depois de ouvido o parecer da Secção de Obras que se manifestou favoravelmente. Dentre em pouco espero será lavrado o respectivo contracto de cujas bases aguardo apresentação.
    Intercalo aqui, reproduzindo em gravuras, as duas plantas principais do Projecto acceito”.

  2. Carles Marti disse:

    Muitos Beleneses não conhecem a relação dos nomes das suas ruas e avenidas.
    Com este relato pude confirmar minhas teorias. Obrigado!

Deixe uma resposta