A casa nº58 da hoje Passagem 5 de Abril de CEP 66035-070 — também chamada no local de Passagem Emanuel Ó de Almeida — é uma das guardiãs dos vestígios da primitiva Villa Operária Mac Dowell erigida e explorada pela Companhia Construtora Paraense de propriedade de Antonio José de Lemos e sócios entre os anos de 1891 e 1896 quando foram a leilão tanto o conjunto residencial com 42 casas como o terreno contíguo para liquidação da respectiva agremiação capitalista.
Observa-se naquela pequena residência de porta e janela elementos decorativos em ferro eternizados nos catálogos de Walter Mac Farlane & Cº*:
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A pedra fundamental da Villa Operária Mac Dowell teve seu lançamento em 1º de fevereiro de 1891; já em agosto do mesmo ano, exatamente no dia 15 às 8 horas da manhã, era inaugurado festivamente o primeiro grupo das seis primeiras casas da Villa, segundo o Diário de Notícias do dia:
O jornal A República de 29 de agosto de 1890, ou seja: anterior ao início da construção da Villa Operária Mac Dowell, dá-nos ao entendimento que a Companhia Constructora Paraense era versada na arquitetura em ferro, senão vejamos:
Em conformidade com as novidades que vêm do passado e os resquícios que o conjunto não descartou em reformas e ampliações se está elaborando um desenho delimitativo hipotético da Villa Operária Mac Dowell.
Uma questão já está anotada às investigações: qual das duas passagens que se projetam à travessa Doutor Moraes foi originalmente batizada de Antonio José de Lemos: as atuais 5 de Abril (ou Emanuel Ó de Almeida) ou a Rio Branco?
*Não sabemos exatamente em quais catálogos da Mac Farlane podemos encontrar peças exatamente iguais às da Casa 58; o portão o é, assim se vê.
HB se esse padrão que ainda se encontra no local – casa recuada com pequeno jardim e mureta de alvenaria com arremates e portão em ferro – é original as vilas construídas no final do séc.XIX já foram completamente descaracterizadas nada mais restando. Pena. E desde que frequentei essas casas de vários amigos que ali moravam desde os anos 1960/ 1970, as moradias já eram assim e os proprietários todos de classe média e não de operários. Talvez esses tenham sido afastados com o crescimento urbano e a ocupação do solo cujo processo privilegiou as classes mais abastadas. O fato é que a arquitetura habitacional dali não têm mais nada do que deve ter sido o original.
Acredito que nem tanto. Fui a Villa constatar as informações aqui ditas e a condição das casas ao que antes era mostrado nas fotos. Esta pequena casa mostrada ainda guarda a fachada e alguns traços originais, como o próprio portão de aço e cantoneiras. A casa ao lado que também possui os mesmo adornos em aço, em melhores condições sim, teve a fachada e a residencia original completamente descaracterizada. Estas são casas menores, ao que se pode dizer realmente popular da época, de uma vila operaria. As outras casas maiores, ainda não totalmente descaracterizadas, mostram um pouco da arquitetura antiga na fachada, nas calhas, conduto, cabeças e braçadeiras, assim como os painéis circulares de muitas outras casas. São apenas vestígios das habitações antigas, confirmadas em documentos e que é importantes registrar. Alguns são realmente bonitos, que casas completamente descaracterizadas ainda assim se preocuparam em manter certos adornos antigos.