Na realidade trata-se da Medalha Comemorativa da tomada de Cayena aos Franceses datada de 1809 como disse Gustavo (Dodt) Barroso, diretor (fundador em 1922) do Museu Histórico (Nacional), em artigo publicado na revista O Cruzeiro de 04 de dezembro de 1948, de onde foram tirados os clichês que seguem no topo da ilustração:
Sob o título Tomada de Caiena: seu significado para a História dos Fuzileiros Navais publicado na Revista Navigator (V.6 – N.11 – 2010), o Capitão de Fragata e Encarregado do Museu do Corpo de Fuzileiros Navais, Ronaldo Lopes de Melo, dá a seguinte nota de rodapé:
Não sabemos exatamente qual versão foi regalada ao presidente Vargas pelo prefeito Condurú em 05 de outubro de 1940, se em bronze, prata ou prata dourada; de todo modo estamos diante da imagem de uma peça considerada rara em fóruns de numismática que assim a descrevem:
Medalha representando, no anverso, com bastante relevo, a efígie com a cabeça de Dom João, Príncipe Regente, adornada com coroa de louros que se prende junto da nuca com um laço. Encontra-se de perfil, voltado à esquerda. Na orla a legenda (iniciando em baixo, do lado esquerdo e interrompida no exergo): D: JOAM P: G: D: PRINCE: REGEN: DE PORTUGAL & c. No exergo, que não está separado por friso, a data: 1809. No campo, junto do corte do pescoço, a assinatura do gravador PIGEON F. e no próprio corte a do modelador, onde a leitura (inconclusiva) poderá ser: MOD. BY ROVW. No reverso, na orla, a legenda, que começa do lado esquerdo, em baixo, interrompida no exergo: CAYENNA TOMADA A:OS FRANCEZES. Ao centro a data de 14. JAN // 1809., escrita em duas linhas horizontais dentro de uma coroa feita com dois ramos de café, ligados em baixo por um laço. Esta medalha comemora a tomada de Caiena, sede da administração francesa na Guiana, invadida pelo Príncipe Regente, Dom João, em represália à invasão de Napoleão Bonaparte a Portugal. Possivelmente é a primeira medalha de campanhas portuguesa e foi criada por Carta Régia de 16 de agosto de 1809.
O certo é que o antigo distintivo outorgado pela Coroa Portuguesa aos militares que tomaram Caiena à época da visita de Vargas tinha 131 anos e não 200 como disse A Noite, nem Dom João era Rei, mas Príncipe Regente; muito menos fora criado (o distintivo) por artistas do Brasil colonia, mas pelo flamengo Peter Rouw (ou ROVW) e dada à cunhagem em Londres pelo gravador George Frederick Pidgeon (ou PIDGEON F.).
Li A Noite de 05/10/1940 e vi que Vargas tinha ganhado a tal medalha de “duzentos anos” que pensava ser de ouro só não esperava ver como ela era exatamente.
Que bela ilustração vocês montaram valorizando a primeira medalha de campanha militar luzo-brasileira.
Foi do Pará que partiu a brigada que chegou a Caiena por terra o que justifica um número maior de exemplares em Belém.
Só faltou encontrar quem com ela foi homenageado originalmente.
Ronaldo Aleixo
Haroldo,
nessa viagem há um fato conhecido – durante o discurso do ditador, o presidente da Associação Comercial meteu a mão no bolso interno do paletó para tirar o lenço e ao ver o gesto (seria uma arma?…) o guarda-costa de Getúlio, Gregório Fortunato, deu-lhe um safanão… – e há um fato não levado a público, que eu soube em Oriximiná, quando lá morei: certa pessoa daquela cidade, que morava em Belém, tinha uma grande coleção de muiraquitãs e foi contactada para que Getúlio a visse. Com receio que o ditador pedisse um de presente, o dono foi-se com a coleção e tudo, para Mosqueiro, passar uns dias de férias…
Abraços.
Paraguassú Éleres
gostaria de saber mais dessa historia que envolve oriximina sr Paraguassú Eleres