O mapa de Belém 1868 dá à percepção duas vias da Constituição

O mapa acima, publicado no Atlas do Império do Brazil de 1868, provocou uma cisma: por quê a Rua da Constituição ladeia o Cemitério da Soledade pelo sudeste e não pelo noroeste como é sabido ser seu lugar — isto lógico na condição de Estrada da Constituição, atual Gentil Bitencourt —?
Mas não há nenhum equívoco na planta da Cidade de 1868; pelo menos neste pormenor, pois periódicos e outros documentos de época dão explicações aos fatos:
O Liberal do Pará de 09OUT1870 diz que a rua da Constituição que começa no Largo de S. José, até a travessa do Chafariz do Bispo (neste caso a Doutor Moraes) chamar-se-á Conselheiro Furtado do Largo de São José à Trindade (que virou Padre Prudêncio em toda a extensão, mas nesta área hoje é a Presidente Pernambuco); isto para perpetuar os serviços prestados por aquelle ilustre magistrado, como juiz de direito d’esta comarca.

O piauiense Conselheiro Francisco José Furtado falecera em 23 de julho de 1870 no Rio de Janeiro, Capital do Império, como registrou O Liberal de 02AGO187o; o paraense Tito Franco de Almeida, também Conselheiro, em 1867 publicou o livro Biographia e Estudo de Historia Politica Contemporânea — Francisco José Furtado.

A carta de Belém que compõe o Atlas de 1868 pode ser de ano pretérito, uma vez que:
Certamente uma  clarificação à ausência, em seu desenho, do pleno traçado da Estrada da Constituição que se apresenta em linha tênue limitadora da quadra posterior ao Soledade no rumo da travessa da Princesa (Benjamim) em paralelismo à Estrada de São Brás (Brás de Aguiar); já a Rua da Constituição, retificada em prancha posterior (1899), ligaria o flanco direito do cemitério ao Largo de Nazaré — o que jamais ocorreu.
Comparemos três momentos da evolução municipal no setor em questão:


Atlas (1868), planta de Odorico Nina Ribeiro publicada em Caccavoni (1899) e imagem de satélite do Google.

No Almanach do Diario de Belem de 1878 Antonio Baena confirma, em levantamento por ele coordenado à cobrança da decima urbana, a existência de duas vias com o nome de Constituição: a primeira é a da Estrada da Constituição com 76 habitações e a segunda ratifica a notícia de 1870, mas elimina a Rua da Constituição renomeando-a Rua do Conselheiro Furtado com 51 moradias (informações suficientes à desambiguação):
Baena também afirma, baseado no recenseamento de 1872, que a população de Belém, em projeção de 10 ou mais anos, não ultrapassara as 35 mil almas ditas na carta do atlas de 1868:

Ruas de Belém Significado Histórico de suas Denominações —, de Ernesto Cruz, fala: A Avenida Conselheiro Furtado foi antes denominada de rua da Vala, sem qualquer referência à Rua da Constituição; o que é contestado por A República de 02OUT1890:


Entretanto; estradas, ruas e travessas — como no Chafariz do Bispo e desta Constituição — podem eliminar ambiguidades: rua ou estrada da Constituição, travessa ou rua do Chafariz do Bispo; dentre outras pistas axiomáticas e/ou informativas.
Por ora não se acha o elo perdido: nota ou planta que elucide o momento em que a Estrada da Constituição fora aberta às construções (76 delas em 1878 pagando 1:201$200 em impostos).
Novidades surgirão como postsciptvns ou publicações inéditas.

Sobre o Projeto Laboratório Virtual - FAU ITEC UFPA

Ações integradas de ensino, pesquisa e extensão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará - em atividade desde maio de 2010. Prêmio Prática Inovadora em Gestão Universitária da UFPA em 2012. Corpo editorial responsável pelas publicações: Aristoteles Guilliod, Fernando Marques, Haroldo Baleixe, Igor Pacheco, Jô Bassalo e Márcio Barata. Coordenação do projeto e redação: Haroldo Baleixe.
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