Adeus ao nosso professor Cláudio Cativo

A arquitetura do Pará perdeu um dos seus mais importantes nomes. Faleceu o arquiteto Cláudio Cativo. Formado em 1970 pela Universidade Federal do Pará, foi docente nessa instituição na qual ministrou, por 26 anos, disciplinas de Projeto no então denominado Curso de Arquitetura.
Como profissional liberal constituiu, juntamente com seus amigos Cicerino Cabral, Paulo Elcídio Nogueira e Avelino Tavares, a Projetos e Assessoria Técnica, um dos mais produtivos escritórios de arquitetura de Belém, com clientes no poder público e na iniciativa privada. Foi vencedor de concursos de projetos, sendo o mais importante deles o da Estação de Pesquisas Científicas Ferreira Penna, promovido em âmbito nacional pelo Museu Paraense Emílio Goeldi. Projetista rigoroso e disciplinado, suas plantas, segundo o também arquiteto e amigo Jaime Bibas, eram primorosas quanto ao bom aproveitamento do espaço.
Nos últimos anos, mesmo obrigado a reduzir o ritmo de trabalho, seguiu projetando todos os dias. Produziu, recentemente, riscados com precisão a lápis sobre o clássico papel manteiga pregado com fita durex no papel milimetrado, uma série de estudos para hipotéticos prédios residenciais. Atento ao aprimoramento do ofício, havia começado a fazer desenhos eletrônicos em um tablet, a ele dado de presente por sua Teté, incansável companheira de mais de meio século.
Seu exemplo profissional, e, também pessoal, tem construído uma linhagem de arquitetos em sua família, geração após geração.
Cláudio Cativo era um homem refinado. Otimista, discreto, elegante, educado, falava apenas o suficiente. Dificilmente elevava o tom da voz, exceto por ocasião dos jogos do seu amado Paysandu. Sua partida deixa, acima de tudo, muito mais do que as lições de arquitetura que a tantos professou, um exemplo de simplicidade, delicadeza, dignidade, resignação, amor à vida, e, sobretudo, leveza de espírito. Não por acaso, seus derradeiros e apenas desenhados edifícios possuem, batizados por ele próprio, nomes de passarinhos: Sabiá, Canário, Bem-te-vi, Beija-flor…

Por José Maria Coelho Bassalo.

Sobre o Projeto Laboratório Virtual - FAU ITEC UFPA

Ações integradas de ensino, pesquisa e extensão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará - em atividade desde maio de 2010. Prêmio Prática Inovadora em Gestão Universitária da UFPA em 2012. Corpo editorial responsável pelas publicações: Aristoteles Guilliod, Fernando Marques, Haroldo Baleixe, Igor Pacheco, Jô Bassalo e Márcio Barata. Coordenação do projeto e redação: Haroldo Baleixe. Membros da extensão do ITEC vinculada à divulgação da produção de Representação e Expressão: Dina Oliveira e Jorge Eiró.
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5 respostas para Adeus ao nosso professor Cláudio Cativo

  1. Maria Dorotéa de Lima disse:

    Linda homenagem Bassalo.

  2. Edilson Nazare Dias Motta disse:

    Todos que tivemos a oportunidade de privar com o Cativo, de algum modo, ficávamos mesmo cativados. É um bocado óbvia esta palavra, mas não deixa de ser funcional, retoma o princípio a que profissionalmente se dedicava. Afinal, a funcionalidade era seguida em seus projetos com uma regra de ouro, clara, cristalina. Sem dúvida que as palavras do também saudoso Jaime Bibas são corretas. Quando fui arquiteto de projetos, ou quando procurei sê-lo, essa orientação para a clareza das plantas baixas eram um princípio que perseguia, mas de que, apenas agora, fica para mim clara a sua origem. Obrigado Cláudio Cativo Rosa! Obrigado pelas aulas, obrigado pelas oportunidades! Respeitosas saudações alvicelestes, para sempre! Edilson Motta

  3. Nicolau E B Crispino disse:

    Linda homenagem, Jô Bassalo. Convivi com o Tio Cláudio, homem de fino trato e de bom coração!

  4. Andrea Alencar disse:

    Belíssimo texto em homenagem ao Claudão , tio querido dos meus amigos, pai , esposo , meus sinceros pêsames a toda família, Andréa Alencar

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