
A fotografia acima mostra um corso (desfile de carros enfeitados) na Praça da República por ocasião do Carnaval de 1916 ou 17; a única figura conhecida é Oscar Faciola, filho do Comendador Antonio d’Almeida Faciola, acompanhado de moçoilas – nenhuma identificável – da sociedade belenense.
O automóvel, de mão inglesa, é visto parcialmente; seu chauffeur, um cidadão negro, usa paletó e chapéu característicos de uma profissão recente; ao fundo: mangueiras.
A questão: seria este o folclórico Rolls Royce que até os anos 1980 diziam estar na garagem do Palacete Facióla? Certamente não, nos anos 1980, o que lá havia era o Chevrolet Bel Air 1956 que pertencia à irmã de Oscar, Inah, morta em 1982 – tal carro foi vendido a um colecionador de São Paulo por seus herdeiros.
A estampa, recentemente colorizada pelo Laboratório Virtual, já passou pelos olhos de especialistas em carros antigos; entretanto, nenhum deles se responsabilizou em confirmar ou negar que estivéssemos diante do ícone inglês também fabricante de motores para aeroplanos.
Com a revitalização do Palacete Faciola as histórias que envolvem a família fazem seus refluxos do ralo da memória: documental ou mexerical, como no caso do Rolls Royce.
[O Palacete Passarinho existe, lá funciona uma churrascaria, talvez a fumaça nos impeça de ver dona Zaíra apanhando seu Corcel (1) preto de quatro portas; sentava no banco de trás, era conduzida por um chauffeur que lhe abria e fechava a porta – uma afirmativa contestável, um mexerico?]
Mas… botemos esperanças nas bases cientificadas:
Apesar da ausência de alguns assessórios, há bastante semelhanças no desenho e a presença do friso sobre portas e colunas do conversível.
Um exemplar Rolls Royce de 1911 dá gás à comprovação do que sempre pareceu folclórico; se não, vejamos: Antonio de Almeida Faciola viajou à Europa com sua mulher, os três filhos, a mãe e dois irmãos em 1911 (o periódico Estado do Pará de 20AGO1911 registra o retorno da família, embarcada em Havre, no vapor Antony da Booth Line); em Paris comprou diversas obras de arte, sendo confundido com um príncipe russo, segundo sua filha Inah – jovenzinha presente; bem… se havia dinheiro à esnobação (russa), por que não adquirir um Rolls Royce? E por que não, trazê-lo de navio? São possibilidades que publicadas podem ser contestadas ou ratificadas.
É mesmo folclórico O folclórico Rolls Royce de Antonio Faciola?
Família nuclear Faciola: Servita, Antonio e seus filhos: Oscar, Inah e Edgard em viagem à Europa no ano de 1911.
Sempre bom relembrar as histórias de Belém, contadas por você, são ainda mais especiais. Vou tentar descobrir todos os carros da tia Zaíra.
Bjs
Pietra
Magnífica postagem sobre a busca pela modernidade pelas máquinas e automóveis. A especulação por meio das imagens é fantástica.