Mutações do signo AP ― 100 anos do clube Assembléia Paraense

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Hoje, dia 18 de junho de 2020, percebemos um erro gravíssimo sobre as Mutações do signo AP induzido pela fonte consultada: o livro AP Assembléia Paraense Memórias 1915 a 1992 de Mário Dias Teixeira; tal publicação afirma que a datação da foto utilizada nesta publicação, a de sua própria capa, fora tirada em 1929 no Réveillon (diurno?); não o é, mas da visita do Presidente de Portugal, Craveiro Lopes, ao Brasil, que se estendeu a Belém do Pará no dia 23 de junho de 1957:

Desse modo consideramos inválido tudo que segue a partir da barra acerca da marca em elipse; uma vez que tal monograma não compunha a fachada da sede da Assembléia Paraense erigida entre os anos de 1928 e 1929 (a mais glamourosa delas segundo a memória coletiva).
Pedimos desculpas aos leitores e prometemos retomar este assunto em matéria nova; mas adiantamos, baseados nas imagens do documentário de 1957, que há contemporaneidade entre a elipse e o círculo que agora suspeitamos ser obra do Grupo Renovador; talvez até “assinada” por Camilo Porto de Oliveira.
Não apagaremos o nosso erro (por analisar uma imagem com 25 anos de diferença a mais) para demonstrar o quão nociva é uma informação inverídica que pode levar a ciência no rumo da fantasia, da fábula, do engodo…


Conjunto evolução AP

Antonio Paul Albuquerque, no artigo de 05 de abril de 1953, escreveu, como exemplo de demanda ao arquiteto-imaginário-compositor: “Quero um projeto para construção de um clube social”;  curiosamente, a sede campestre da Assembléia Paraense ou estaria em fase projetiva ou de construção, já que Oswaldo Mendes diz, na revista Visão de 09 de novembro de 1956, que ela seria inaugurada “nas primeiras semanas do ano vindouro”, pouco menos de quatro anos da deixa (de Paul).
Não há o que se estranhar com o fato de Paul ter intimidade com a ideia/construção na Tito Franco (do Souza),  afinal seria colega e amigo do futuro vice-presidente do clube,  engenheiro civil Camilo Sá Porto de Oliveira, autor (“coordenador”) do plano e membro do Grupo Renovador, composto por jovens, que em dois anos provocou a valorização de quase sete vezes das ações da agremiação; tanto Paul como Camilo tiveram participação ativa na criação da Escola de Arquitetura da Universidade (Federal) do Pará em 1964 e dela foram professores.
Sobre A Assembléia Paraense de Camilo Porto de Oliveira surgiu A Assembléia Paraense de Milton Monte; Mário Dias Teixeira, em AP Assembléia Paraense Memórias 1915 a 1992, comenta: “Tal qual temos afirmado, duas foram as Sedes Campestres da AP, ambas grandiosas, mas a primeira modesta junto à segunda”.
Milton Monte, engenheiro-arquiteto, também foi discente e docente da Escola de Arquitetura, embrião da atual Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Pará.
A significância da Assembléia Paraense, a AP, parece estar contida na logo que a identifica; mais: as mudanças gráficas da marca ao longo dos quase 100 anos que serão completados em 27 de dezembro de 2015 estabelecem uma certa relação com os projetos de Porto e Monte (ou com a saúde financeira que propicia obras à fechada sociedade).
Elipse vertical: não há documentação disponível que afirme ser esta a primeira marcadfg
adotada pela Assembléia Paraense, pelo menos nos seus primeiros 14 anos de existência; contudo, é possível vê-la como elemento fixo no frontão do prédio da 4ª sede social (1) na foto de capa do livro de Mário Teixeira que registra a inauguração do prédio como 31/12/1929:

AP conjuntoA bandeira sob a balaustrada (2), com a inscrição AP em um (aparente) círculo, é um fator intrigante* diante do escudo subentendido como designado à manufatura para compor a fachada do prédio, à semelhança do clichê que timbrava papéis do clube:

Papel timbrado AP

Relatório da Diretoria 1956-1959Circular (1ª transformação): ilustra o Relatório da Diretoria 1956-59, que, de acordo com Mendes,  inauguraria a primeira sede campestre (“Cidade Olímpica”) em 1957 com intenção de construir, na Praça da República nº34, uma nova sede social com 20 andares, demolindo a que aparece na foto, “própria” ― esse segundo desenho permanece inalterado, pelo menos até o Relatório da Diretoria 1965-67, extensivo ao ano de 1969 com a publicação de Clóvis Moraes Rêgo: Subsídios para a história da Assembléia Paraense: excerto do relatório do biênio 1965/1967 .
12Circular (2ª transformação): é a logo atual que se destaca no Relatório da Diretoria 1973-75, gestão que abre concurso ao projeto da nova (segunda) sede campestre, um polêmico episódio da história do clube.
O surgimento de novas informações pode alterar as datações de transformação das logos, todavia,  (essas datações) não deverão se distanciar, em demasia, das obras campestres de Camilo e Milton.

*Poderia ser tanto a marca primitiva (desconhecida se houve uma antes de 1929) quanto a manifestação (isolada) de um sócio bandeireiro criativo à espera do réveillon; ou mesmo a banal deformação da elipse pela dobradura do pano; as percepções intrigam porque sugerem uma marca (circular) na antiga fotografia.

Colaboração: Afonso Lobato e Regina Vitória da Fonseca.


Postscriptvm: (10/03/20150):
Para avançar no assunto leia:  Cenário que sugere a colaboração de Paul Albuquerque na sede campestre da AP inaugurada em 1957.

Sobre o Projeto Laboratório Virtual - FAU ITEC UFPA

Ações integradas de ensino, pesquisa e extensão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará - em atividade desde maio de 2010. Prêmio Prática Inovadora em Gestão Universitária da UFPA em 2012. Corpo editorial responsável pelas publicações: Aristoteles Guilliod, Fernando Marques, Haroldo Baleixe, Igor Pacheco, Jô Bassalo e Márcio Barata. Coordenação do projeto e redação: Haroldo Baleixe. Membros da extensão do ITEC vinculada à divulgação da produção de Representação e Expressão: Dina Oliveira e Jorge Eiró.
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2 respostas para Mutações do signo AP ― 100 anos do clube Assembléia Paraense

  1. Antonio Moraes disse:

    Excelente artigo, fui sócio da AP na minha juventude e não lembro dessa Elipse Vertical.

  2. Henrique disse:

    Praticamente o mesmo logotipo da 82° Divisão Aerotransportada do exército dos EUA.

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