As investigações feitas pelo Blog da FAU apontaram a existência, no Ver-o-peso, de três equipamentos urbanos com características do Streamline Moderne (design tipicamente estadunidense) em seus desenhos (arquiteturas): o Clipper Nº01 (1939), as garages Jabuti e Popular e o Posto Pará – esses posteriores, ou contemporâneos, ao primeiro Clipper com datações especulativas não confirmadas.
Há possibilidades, mas a insuficiência das imagens descobertas ainda não nos permite afirmar, que os dois clippers do bulevar Castilhos França também possuíssem características do estilo arquitetônico desenvolvido e/ou influenciado por designers norte-americanos ou imigrantes como o francês Raymond Loewy.
O que hoje nos surge é a maquete de um posto de combustíveis (gas station para os gringos) com distância superior a 100 quilômetros da capital paraense, no entroncamento de duas rodovias, situado em Santa Maria, município de Igarapé-Assu.
O modelo tridimensional foi publicado em matéria da revista A Manhã (RJ) de 19ABR1953 sob o título Milhares de Quilometros nas Selvas Tropicais; o texto mostra a ação do governo do Estado do Pará por intermédio do D. E. R. – Departamento de Estradas de Rodagem – sob a direção geral do engenheiro civil Belisário Dias, colaborador do general Alexandre Zacarias de Assumpção, eleito governador em 1950 para um mandato de cinco anos: 1951-56.
Não encontramos, ainda, indícios de que tal protótipo, encimado pela sigla DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem), chegasse à implementação.
O Malho (RJ) de 1952 traz duas fotografias por ocasião do terceiro aniversário (incongruente na datação) de Belisário Dias à frente do D. E. R. do Pará; além do bolo-maquete, provavelmente relacionado às obras da Tito Franco, vê-se sentado ao lado do homenageado, de paletó claro, o médico Hermínio Pessôa, Secretário de Saúde de Assumpção – também à mesa, ladeando o diretor do Departamento.
Belisário Dias, dono de uma casa construída pelo engenheiro Camilo Sá e Souza Porto de Oliveira em 1954* na avenida Tito Franco, foi assassinado com três tiros disparados por seu advogado em 21 de junho de 1958, segundo O Jornal de 23JUN1958 – tal crime, mesmo que indiretamente, seria uma consequência política do Baratismo versus Anti-baratismo.
*ano em acordo com o artigo publicado em RISCO pela professora Celma Chaves Pont Vidal.
Postscriptvm:
Questão: teria Camilo Porto de Oliveira alguma relação com a projeção do posto-trevo-rural; ou essa semelhança às gas stations ianques seria uma designação estereotipada pela União (DNER)?
Curiosidade: Belisário Dias, a partir de projeto de Camilo Porto de Oliveira, construiu sua residência na esquina da Tito Franco com a Vileta em 1954; Hermínio Pessôa, seu colega na equipe governamental de Assumpção, fez igual na Mauriti a poucos metros da mesma avenida obedecendo ao riscado dos engenheiros Osmar Pinheiro de Souza e Angenor Penna de Carvalho em 1960 – com painel temático do Ver-o-peso em pastilhas assinado e datado (10-05-60) por Alcyr (Boris de Souza) Meira, também engenheiro civil.
Fonte: Google Street View.
Postscriptvm 2:
1) Quando o Professor Camilo (meu professor na inesquecível Escola de Engenharia do Pará) voltou de seus estudos nos Estados Unidos, creio que na Califórnia, ele trouxe muita novidade arquitetônica de lá, o chamado “estilo californiano”, usado bastante por ele em seus projetos, assim, sua dúvida é pertinente;
2) O nome completo do Prof. Angenor era: Angenor Porto Penna de Carvalho; ele dizia para seus alunos (eu fui um deles) que ele ensinava a disciplina Portos de Mar, Rios e Canais, porque ele tinha Porto no nome. (Professor José Maria Filardo Bassalo, por e-mail)
Postscriptvm 3 (18JAN2020):
Belisário e Hermínio na sede campestre do clube Assembléia Paraense projetada por Camilo Porto de Oliveira (datação insabida, provavelmente entre 1957 e 1958)