O Largo da Penitenciária deixa de ser uma abstração


Ampliável

Em algumas publicações nossas sobre a Penitenciária do Estado do Pará — obra iniciada em 1893 que jamais cumpriu a função de prisão, mas serviu de abrigo em 1911 ao pessoal jornaleiro da equipe de Oswaldo Cruz e em 1920 como Hospedaria dos Flagelados aos migrantes da região Nordeste do país (não sabemos ainda por quanto tempo isto ocorreu) — citamos o endereço Largo da Penitenciária sem entender, com exatidão, sua configuração real.
Agora, conhecendo a localização exata da Villa Nipponica — ou Hospedaria dos Japoneses — que possuía o mesmo endereço da Hospedaria dos Flagelados, sem ocupar as mesmas edificações, conseguimos determinar, de modo comprovado, o quadrilátero que tinha o nome de Largo ou Praça da Penitenciária: o atual quarteirão conformado pelas travessas José Pio e Djalma Dutra com as ruas da Municipalidade e do Una.
No livro Primeira Manhã (1967) o escritor Dalcídio Jurandir cita por nove vezes a Penitenciária: … a Penitenciária Modelo do Norte do Brasil agasalhando flagelados do sertão é um exemplo:

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Ou descrevendo a aparência da edificação à noite:

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Sobre o Projeto Laboratório Virtual - FAU ITEC UFPA

Ações integradas de ensino, pesquisa e extensão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará - em atividade desde maio de 2010. Prêmio Prática Inovadora em Gestão Universitária da UFPA em 2012. Corpo editorial responsável pelas publicações: Aristoteles Guilliod, Fernando Marques, Haroldo Baleixe, Igor Pacheco, Jô Bassalo e Márcio Barata. Coordenação do projeto e redação: Haroldo Baleixe. Membros da extensão do ITEC vinculada à divulgação da produção de Representação e Expressão: Dina Oliveira e Jorge Eiró.
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8 respostas para O Largo da Penitenciária deixa de ser uma abstração

  1. Ricardo José Condurú Conceição disse:

    Convém ressaltar que primeiramente o projeto para construção de uma grande penitenciária estava previsto para ocorrer no Largo de São José, conforme atesta o Jornal “Diário de Notícias”, de 9 de junho de 1891, folha 2, com o lançamento de sua pedra fundamental: ” Realizou-se ante-ontem, pela manhã, no Largo de São José, o assentamento da primeira pedra do novo edifício destinado a servir de penitenciária. A cerimônia efetuou-se com toda a solenidade usada em semelhantes atos, tendo comparecido grande número de cidadãos conceituados, representado por várias classes, que acudiram ao convite do digno Diretor de Obras Públicas, Dr. Henrique Américo Santa Rosa (…). O projeto do edifício da penitenciária foi traçado pelo ilustre Diretor das obras Públicas, Dr. Henrique Santa Rosa, e habilmente desenhada pelo senhor Leon Barré. É uma obra importante, que segundo nos consta, vai ser executada pelos próprios presos com o auxílio de bons mestres e sob a inteligente direção do digno engenheiro autor do projeto. Para fazer-se ideia da sua grandeza, basta dizer que este edifício contém: 120 prisões celulares, 40 celas maiores para presos, um pavilhão com prisões especiais para os rebeldes, prisões separadas para mulheres e menores, 8 oficinas, 4 grandes enfermarias, 4 prisões preventivas, escolas, cosinhas, lavadouro, 32 banheiros, quartos de depósito, pharmácia, sala médica, sala de visita, secretaria, biblioteca, sala de revista, corpo de guarda, alojamento dos empregados e residência do administrador”.

    Como se percebe, esse projeto era bem maior do que o que foi planejado para o da rua do Una.

  2. Ricardo José Condurú Conceição disse:

    Vale também ressaltar que a pedra fundamental da Penitenciária do curro foi lançada em 8 de março de 1893 (Jornal Diário de Notícias, de 8 de março de 1893), ou seja, 14 dias antes da Lei nº 101, de 22 de março de 1893, que autorizou sua construção. Porém, a obra, de fato, começou em 21 de abril de 1824 (Mensagem Governamental publicada no Jornal Estado do Pará de 11 de setembro de 1826)
    A primeira célula da penitenciária foi inaugurada as 9 e meia da manha do dia 13 de fevereiro de 1896 (Jornal Diário de Notícias de 14 de fevereiro de 1896).
    Já o Diário de Notícias de 18 de março de 1897 (1ª página), consta que Paes de Carvalho reduziu para pouco mais de 30 trabalhadores dos 170 que haviam, e que “o grande monumento será reduzido a metade para não ficar de todos perdido a grande soma de mil contos de reis aproximadamente, que por essa verba se tem escoado”.
    Como sabemos, a construção da penitenciária foi marcada por uma série de denúncias de fraudes e desvios de recursos, fartamente noticiadas pelos jornais da época.

    • fauitec disse:

      “Porém, a obra, de fato, começou em 21 de abril de 1824 (Mensagem Governamental publicada no Jornal Estado do Pará de 11 de setembro de 1826)”?

      • Ricardo José Condurú Conceição disse:

        Sim, esta mensagem faz um resumo dos vários anos do governo.

      • Ricardo José Condurú Conceição disse:

        digo, 1926.

      • Ricardo José Condurú Conceição disse:

        Por um erro de digitação, a data do inicio da construção da penitenciária saiu como 21 de abril de 1824, quando o correto é 1894.

  3. Ricardo José Condurú Conceição disse:

    Onde se lê 8 de dezembro de 1821, lei-se 1921.

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