CELPA: entre “olhões” e “porta-pães”

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Belém não necessita de inimigos, a CELPA − Centrais Elétricas do Pará S. A. − há muito o é: desde a época do Barata, como Pará Electric, quando fazia a arquitetura desviar dos seus postes.
Antes eram os “olhões”, junto com o emaranhado de fios, a enfear a Cidade; agora, a plena falta de juízo da Companhia, inventou uma novidade, tão vagabunda quanto um porta-pão de acrílico de R$1,99   − que no caso é feita do mesmo frágil acrílico e tem desenho similar −: um contador para ser afixado nas fachadas das residências com os dutos dos fios expostos.
Essas caixas, de modo nonsense, além de pavorosas e descartáveis, têm custo aos consumidores: é a situação absurda de uma das fotos acima, tirada defronte à residência nº61 da Passagem Bolonha, onde o proprietário, além de pagar por toda a parafernália necessária para usufruir da eletricidade doméstica, contratou um pedreiro para esconder os grossos conduítes e um eletricista para botar a chave geral do lado de dentro da casa − qualquer pessoa na rua pode apagar sua luz ou mesmo destruir o ordinário equipamento e o problema é seu.
Postes e fios há muito deveriam ter desaparecido do cenário das cidades, mas a CELPA nos vem, na contramão, com milhões de “porta-pães” horripilantes e inúteis, pois, se a função é a leitura do consumo, o acrílico em breve estará opaco e ninguém enxergará absolutamente nada − isto ocorreu com as lentes dos “olhões” feitas em material menos medíocre.
Em e-mail enviado pela presidente do CiVViva − Cidade Velha Cidade Viva −, Dulce Rosa Rocque, há duas fotos comparativas anexadas de uma casa na Cidade Velha, em área tombada da Dr. Malcher, que serão postadas abaixo para que se tenha dimensão da impossibilidade de compor um Plano de Fachada com esses trambolhos:

Celpa  casa sem medidores 25.5

A fachada da casa antes dos ordinários “porta-pães” de R$1,99.

CELPA - contadores de luz em casa situada em área tombada.
Uma nova fachada desenhada pela CELPA com 9 “porta-pães” de R$1,99 que impedem até mesmo que a conta de luz chegue à residência, pois nem o número pode ser visto.
Imaginemos 20  kitchenets: janelas e portas seriam totalmente cobertas pela imbecilidade.

Um alerta: de uns tempos para cá os “olhões” começaram a pegar fogo, com frequência, nos postes, fazendo com que residências e comércios passassem a pagar taxas de consumo em vez de gasto aferido, o que deve ter gerado prejuízos à CELPA; será que esta ação da Companhia não pretende salvaguardar os postes e transferir os incêndios aos imóveis?

Sobre o Projeto Laboratório Virtual - FAU ITEC UFPA

Ações integradas de ensino, pesquisa e extensão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará - em atividade desde maio de 2010. Prêmio Prática Inovadora em Gestão Universitária da UFPA em 2012. Corpo editorial responsável pelas publicações: Aristoteles Guilliod, Fernando Marques, Haroldo Baleixe, Igor Pacheco, Jô Bassalo e Márcio Barata. Coordenação do projeto e redação: Haroldo Baleixe. Membros da extensão do ITEC vinculada à divulgação da produção de Representação e Expressão: Dina Oliveira e Jorge Eiró.
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7 respostas para CELPA: entre “olhões” e “porta-pães”

  1. Paulo disse:

    Oi Haroldo, na ultima reunião da FAU propus que o curso se manifestasse sobre a inadequação desse novo padrão, não só pra Cidade Velha, mas pra todo o Estado do Pará.
    É realmente um absurdo, vamos fazer uma campanha contra.
    Abraços,
    Paulo.

    • fauitec disse:

      Paulo:
      No último vernissage da ELF conversei com o morador da casa 61 que estava desesperado, não só com a estética, mas com a fragilidade do equipamento que pode, a qualquer momento, ser levado por um automóvel de maior porte, já que a via é estreita e não há calçamento; as casas, naquele lado da passagem, ficam rentes aos paralelepípedos.
      Ele me mostrou o serviço: embutiu os dutos na parede externa (foto do post) e colocou o interruptor para dentro da casa na tentativa de minorar o problema fortuitamente causado pela CELPA.
      O cidadão teve que desembolsar um bom dinheiro diante da imposição da Companhia, o que é um absurdo e pleno desrespeito ao consumidor.
      Bem, se eles consideram isso um PADRÃO, é o padrão da estupidez; imagina milhões dessas caixas tipo “porta-pão” espalhadas por Belém, é o pior presente, dentre as mazelas habituais regaladas, para os 400 anos.
      Abraço,
      HB.

  2. José Junior Costa disse:

    Tava até interessado no kit net aê, mas depois desse porta-pão tô passando.

  3. Ana Margarida disse:

    Muito feios, mesmo.
    E que ideia absurda!
    E inacreditável.
    Os moradores da Cidade Velha protestaram de imediato.
    Os registros serão retirados, segundo vi em uma materia de “O Liberal”.

    • fauitec disse:

      Ana Margarida:
      Esse tal PADRÃO CELPA: “caixas de proteção para medidores monofásicos e disjuntores”, é a maior agressão visual programada para Belém ao longo dos quase 400 anos de sua fundação, já que é sistemática e compulsória.
      Nenhuma fachada de imóvel desta cidade, ou de qualquer lugarejo do mundo, merece uma agressão dessa natureza; não se difere, em hipótese alguma, de uma pichação vândala, indesejável e irresponsável.
      Alguém tem que botar um freio nessa estupidez: não serve à Cidade Velha, não serve para lugar algum do Estado − isto não configura tácita jurisprudência?
      Sem contar com a indústria instituída ao redor dessa ação malcaratista sucupirense que deveria dar é em cadeia pela formação clara de quadrilha para vender “porta-pães” de 1,99 por 199,00 “Real”.
      O que essa empresa tem que fazer é alcançar excelência na prestação dos seus serviços, fornecendo eletricidade de qualidade com corrente regular que não danifique equipamentos domésticos, comerciais e industriais; este é o seu papel, devidamente remunerado pela sociedade, mesmo que extremamente aquém do cumprimento.
      HB.

  4. No G-1 (http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2013/03/celpa-vai-adotar-novo-padrao-de-ligacao-de-energia-eletrica.html) é possíver ler uma coisa contrária ao padrão de sanidade, típica dos monopólios privados:
    A prepotência e boçalidade da CELPA:
    “Os consumidores que não quiserem adotar o padrão, a orientação é buscar o Procon ou o Ministério Público. A companhia afirma que está amparada pelo regulamento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).”
    Então, cadê o PROCON e o MINISTÉRIO PÚBLICO para puni-los por tentar fazer uma cidade inteira ficar feia na marra?
    Ainda se amparam numa Agência Reguladora, como se elas fossem sinônimo de lisura.
    Quanto as indústrias que fabricam esses materiais imprescindíveis a fazer feias nossas casas lucram?
    Quem as certifica?
    Então: QUEREMOS O OLHÃO!

  5. Ghislaine Rodriguez disse:

    Nós estamos entregues ao abuso e ao mau-caratismo dos diretores da CELPA, e tudo indica que a mudança do padrão é para ajudar alguma industria que estava no vermelho e que agora, com o enfeiamento das fachadas e dos muros estão ganhando milhões. Sem falar na intranquilidade de um bandido ou um vândalo passar e quebrar o padrão (pois é colocado tão baixo) e desligar a chave geral que fica do lado de fora. E agora quem poderá nos defender? O Ministério Público, o PROCON????? Porque até agora nenhuma atitude foi tomada, haja vista uma infinidade de denúncias feitas?

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