A Muralha do Farol Velho de Salinas – 1916 e 1931

Resquícios visíveis da muralha na atualidade

Na postagem Os faróis da Ponta do Atalaia em Salinas – 1916 comparamos as coordenadas do Farol Velho de 1852 com as do Novo de 1916; ambos mostraram-se em pontos submersos do oceano Atlântico afastados por 5 quilômetros.
Nesta publicação trabalhamos com as duas fotografias que temos: a retirada de uma notícia do jornal Estado do Pará de 10 de agosto de 1916 e a do acervo documental de Amelia Earhart da biblioteca virtual da Universidade de Purdue, tomada de um aeroplano em 1931; a panorâmica da Purdoe, de razoável definição, foi preciosa, pois, coincidentemente, revela o ponto de vista reverso e superior da imagem do Estado do Pará.
Os documentos consultados afirmam que os faróis eram vizinhos, já que a ponta ou ilha do Atalaia era estratégia à sinalização da perigosa navegação naquela área costeira; distanciá-los seria insensatez.
O Farol Velho, construído em alvenaria no topo de uma duna para aproveitamento de altura, sempre careceu de arrimo na base de seu morro para suportar ressacas do mar; tal contenção era constantemente recuperada e ampliada até a desativação do equipamento, em 1916, quando inaugurado o Farol Novo.
O Farol Novo de fabricação da companhia francesa Barbier, Bénard & Turenne (a BBT) junto com sua torre alcançava um facho  luminoso entre 50 e 70 metros de altitude, dependendo da maré; as torres do patenteado Systema Mitchell, empregado na construção desse gigantesco suporte em ferro da BBT, dispensavam fundações convencionais e firmavam-se, equilibradas, em terrenos instáveis.
Tanto a  fotografia de 1916 quanto a de 1931 mostram que a base do Farol Novo está fora do platô demarcado pela muralha que se foi construindo, paulatinamente e de acordo com as avarias, ao longo dos 64 anos da serventia do Farol Velho.
Ambas imagens salientam que os faróis, mesmo próximos, estavam em cotas distintas da praia, sendo a do Novo mais baixa alguns metros.
As investigações permanecem porque não encontramos o ano de importação do Farol Novo; nem sabemos o fim do Velho que em 1931 já desaparecera da plataforma emoldurada pela fortaleza de pedras.
Como não há vestígios do Farol Velho no lugar, ainda íntegro em 1931, é possível que o que se veja hoje na orla do Farol Velho em Salinas sejam os pedaços da muralha de proteção do cômoro.
Certamente uma observação in loco permitiria identificar o rumo de um ou mais muros (com suas fundações) lá erigidos e solapados pelas águas; entretanto, as fotografias atuais que mostram os escombros da muralha, nos dizem que o mar não avançou como as coordenadas oficiais antigas indicam; ou seja: o alicerce do Farol Velho pode estar em área privada — são suposições baseadas em relatos e fotos.

Fontes: em construção.
Colaboração: Aristóteles Guilliot, Fábio Mello e José Maria Bassalo.

Sobre o Projeto Laboratório Virtual - FAU ITEC UFPA

Ações integradas de ensino, pesquisa e extensão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará - em atividade desde maio de 2010. Prêmio Prática Inovadora em Gestão Universitária da UFPA em 2012. Corpo editorial responsável pelas publicações: Aristoteles Guilliod, Fernando Marques, Haroldo Baleixe, Igor Pacheco, Jô Bassalo e Márcio Barata. Coordenação do projeto e redação: Haroldo Baleixe. Membros da extensão do ITEC vinculada à divulgação da produção de Representação e Expressão: Dina Oliveira e Jorge Eiró.
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2 respostas para A Muralha do Farol Velho de Salinas – 1916 e 1931

  1. Priscila Gomes disse:

    Simplesmente fantástico. Agora, quando eu for para a praia do Farol Velho, a verei com outros olhos.

  2. Otávio Santos disse:

    Esplêndido. O farol velho saiu do imaginário e agora habita a realidade mensurável. E a Marinha, o que diz disso? A fundação do farol velho está sob uma mansão e fica por isso mesmo? A faculdade de arquitetura provou e comprovou que há um patrimônio do estado do Pará nas mãos de particulares.

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