Notas equivocadas sobre o Farol de Salinópolis em O Liberal

Em Poucas Linhas de O Liberal de hoje (19AGO2017) traz, lamentavelmente, duas notas equivocadíssimas sobre o Farol de Salinópolis-PA:
Em primeiro lugar o que está completando 80 anos é a REMONTAGEM do Farol de Apehu em Salinópolis ocorrida em 1937 — acessar a pesquisa  O Farol de Salinópolis é o antigo Farol de Apehu.
Em segundo, pelo que informa matéria do The New York Times replicada pela Folha de São Paulo em 11NOV2014, não existe, comprovadamente, nenhuma obra do engenheiro francês Alexander Gustav Eiffel na América Latina; neste caso o que poderia levar a confusões (bastante remotas e ingênuas) seria o homônimo Alexander Mitchell, engenheiro irlandês cego, patenteador do Systema Mitchell empregado nas torres da firma francesa F. Barbier et Cie. — a placa de tal empresa, datada de 1893, está conservada na base do Farol de Salinópolis aparafusada à de 1937.
O atual (Farol de Salinópolis) seria, na realidade, o TERCEIRO equipamento de sinalização náutica suspenso da área genericamente chamada das Salinas; localizando-se os dois primeiros na Ponta do Atalaia como mostra a fotografia de 1916:

Acima se vê o Farol Velho inaugurado em 08MAR1852 em alvenaria de tijolos vidrados (azulejos) próximo ao Farol Novo em torre metálica do Sytema Mitchell inaugurado em 10AGO1916, ambos na Ponta do Atalaia (hoje Farol Velho) este último visivelmente mais alto que o existente em Salinópolis vindo da foz do rio Gurupi, ilha de Apehu, e reinaugurado em 1937; também nominado Farol do Gurupy com inauguração na referida ilha em 23SET1902.
Assim: o farol que está em Salinópolis contabiliza 124 anos de fabricação, dos quais: 08 de permanência no trapiche São João em Belém, 36 em Apehu e 80 no lugar que conhecemos.
É inconsistente que o Farol Velho, que hoje dá nome à praia no Atalaia, tenha sido levado pela força da maré; o sensato seria imaginar seu desmoronamento após a retirada do equipamento ótico que o deixou, pela ausência da cobertura, vulnerável às intempéries — ver a investigação A Muralha do Farol Velho de Salinas – 1916 e 1931; ou mesmo: que sua demolição facilitara, à Marinha, a supressão do apparelho de luz, respectiva lanterna e accessorios para uso em outro ponto da costa brasileira, já que se atesta a presença das duas cápsulas faroleiras sobre as torres em 1916.
As notas erradas de O Liberal, se não corrigidas com destaque naquela mídia de grande circulação, propagarão referências falsas às pesquisas estudantis em quaisquer níveis; o que configuraria um desserviço à memória paraense.


Saiba mais sobre o assunto em matérias do BF:

O Farol de Salinópolis é o antigo Farol de Apehu

Confirmado: o Farol de Salinas, em Apehu, imergiu no Atlântico

Os faróis da Ponta do Atalaia em Salinas – 1916

A Muralha do Farol Velho de Salinas – 1916 e 1931

Sobre o Projeto Laboratório Virtual - FAU ITEC UFPA

Ações integradas de ensino, pesquisa e extensão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará - em atividade desde maio de 2010. Prêmio Prática Inovadora em Gestão Universitária da UFPA em 2012. Corpo editorial responsável pelas publicações: Aristoteles Guilliod, Fernando Marques, Haroldo Baleixe, Igor Pacheco, Jô Bassalo e Márcio Barata. Coordenação do projeto e redação: Haroldo Baleixe. Membros da extensão do ITEC vinculada à divulgação da produção de Representação e Expressão: Dina Oliveira e Jorge Eiró.
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3 respostas para Notas equivocadas sobre o Farol de Salinópolis em O Liberal

  1. Guamaense disse:

    O Liberal foi criminoso. Assassinou a História.
    30 anos de cárcere é pouco ao delito dessa boataria.

  2. José Maria De Castro Abreu Jr disse:

    Que nota bizarra. Parabéns pela errata Baleixe. Eles que tomem vergonha na cara.

  3. André Gusmão de Araújo disse:

    Esse O Liberal tá quebrado mesmo.
    Agora cata suas notícias no Facebook: https://www.facebook.com/nostalgiabelem/posts/1122851267836934.
    Em 07 de fevereiro de 2017 a página Nostalgia Belém do Facebook veio com essa estória que foi desmentida por vocês nos comentários, vários inclusive.
    O Liberal pegou de lá sem ler os comentário.

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