“Meu pai foi o Sr. Maÿr Sampaio Fortuna e gostaria de acrescentar alguns esclarecimentos à produção artística dele.
Ele produziu inúmeros trabalhos em metal, cuja confecção presenciei e dos quais ainda tenho dois exemplares feitos para mim.
Foi durante muitos anos desenhista da então Comissão Brasileira Demarcadora de Limites em cujo acervo devem constar seus trabalhos.
Por ocasião da instalação da UFPa, meu pai foi convidado por seu irmão Frederico Fortuna, então secretário do Reitor, para fazer o trabalho do escudo da UFPa que foi gravado em uma placa que ficava à porta da reitoria na Av. Governador José Malcher.
Também foi de sua autoria o símbolo da FADESP (Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa) criado especialmente por ele, sem nenhuma remuneração.
A emoção de vê-lo lembrado como um artista que era, impede de continuar as reminiscências no momento.
Sem mais, Albertina Fortuna de Oliveira — Professora Adjunta da UFPa — aposentada”.
O comentário acima reforça uma hipótese lançada no Blog da FAU: que a autoria do Brasão Original da UFPA, poderia ser de Maÿr Sampaio Fortuna.
Três nomes vigoram (ou vigoraram) nas investigações: Manoel de Oliveira Pastana (hipótese de Jussara Derenji a partir de José Luiz de Araújo Mindello), Maÿr Obadia (hipótese de Sueli Fraiha a partir de sua memória) e Maÿr Sampaio Fortuna (nossa, a partir de Patrick Pardini e da retomada de um desenho de 1949).
Albertina Fortuna de Oliveira afirma que a simbologia utilizada pela FADESP — Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa — fora uma das criações de seu pai.
No site da FADESP, especificamente onde se fala do logotipo da Fundação, não há nenhuma alusão ao elaborador da imagem de 34 anos que convive com a tipologia recentemente reprogramada, o que trai a função daquela instituição:
“No entanto, a cerâmica indígena, um dos maiores símbolos da Fundação, foi mantido. Presente na identidade visual da Fadesp desde 1977, a cerâmica remete à cultura paraense e indica uma propulsão de ações de forma cíclica, rumo ao crescimento infinito.”
Se Maÿr Sampaio Fortuna desenvolveu a estampa que a FADESP ostenta — de elemento concernente à arqueologia amazônica —, não será difícil comprovar que o Brasão Original da UFPA veio do mesmo repertório desse artista-pesquisador olvidado em seus feitos ornamentais neo-marajoaras (um estilo reconhecido em Theodoro Braga e seu discípulo Manoel Pastana que muito nos confundiu nessa míope busca).
Parece que estamos diante de uma angustiante amnésia da Universidade Federal do Pará.
Que as injustiças sejam reparadas por pesquisas confiáveis de participação coletiva; esta é e sempre será nossa proposição diante de omissões cruéis.
Logomarca revitalizada negligenciando a autoria da “cerâmica indígena”.
Comparação de estilos: há a presença do “neo-marajoara” nas duas peças.