A diretora da Biblioteca Central, Maria das Graças da Silva Pena, empenha-se em trazer para o acervo institucional a memória documental acumulada, ao longo de mais de 50 anos, por Alcyr Boris de Souza Meira sobre a Universidade Federal do Pará.
Alcyr, que foi o 6º funcionário a ingressar na ainda Universidade do Pará, pretende escrever um livro para contar a história dos bastidores do poder.
Octávio Augusto de Bastos Meira, pai de Alcyr, viajou à Europa, pela primeira vez, no ano de 1957, após a formação do filho em engenharia, com plena certeza que seria o primeiro reitor da recém-criada Universidade; ao retornar, Octávio viu seu colega de cátedra, Mário Braga Henriques, empossado por pirraças políticas: Magalhães Barata vingara-se do ex-correligionário do Partido Social Democrático, a mesma sigla do presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira.
A Universidade, para o professor aposentado do ITEC – lotado no extinto DAU, que deu origem à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo -, parece ter verdadeiro marco na gestão do médico e professor José da Silveira Netto, a quem auxiliou, primordialmente, como engenheiro e arquiteto, na construção do Campus Pioneiro, dirigindo o Departamento de Planejamento e Obras.
Alcyr também foi o autor do signo que identifica a UFPA desde o ano de 1965, a única insígnia reconhecida por documento vigente datado de 1969, com memorial baseado na heráldica, redigido de próprio punho para compor o anexo da Resolução.
A águia sobre o livro, adotada oficialmente como escudo, desdobrou-se em medalhão reitoral e bandeira sob a orientação de seu autor; contudo, a banalização de programas gráficos a tem “corrigido” de tal modo que o desenho original deixou de ser reconhecido nas atuais reproduções.
Sobre esse fato houve o posicionamento do Magnífico Reitor: “Padronizar a nossa marca em consonância com os cânones estabelecidos há 42 anos é fundamental, não se pode negligenciar o que é visivelmente (ou visualmente) tradicional, já que é ela um patrimônio que transcende a comunidade acadêmica à sociedade, sua real proprietária e beneficiária”.
Para que isso ocorra a contento, Maneschy deverá cuidar da recuperação gráfica necessária e distribuição desse brasão a todas as unidades, contando com a colaboração estética de Meira.
Em sua coleção de lembraças daquela Universidade que se foi nos tempos, Alcyr guarda farto material fotográfico, desenhos e documentos que a própria instituição desconhece; fontes primárias de pesquisa que poderiam estar disponíveis à consulta pública por meio de reproduções digitais na Internet.
Como testemunhamos o encontro do atual reitor com um vice-reitor (e quase reitor) da UFPA de época remota, podemos afirmar que algumas ações finalmente tomaram o rumo da sensatez; ou, pelo menos, apalavradas o foram.
Graça Pena, Alcyr Meira e o Magnífico Reitor da UFPA, Carlos Edilson de Almeida Maneschy, em reunião, ontem, no Gabinete.