Aviões do tipo CLIPPER: grande autonomia de voo nos anos 1930.
CLIPPER da Pan Air em Belém.
O professor José Júlio Lima fez um questionamento ao Blog da FAU sobre a significação do termo CLIPPER dado às antigas PARADAS de ônibus comuns em Belém desde a década de 1930:
“Ao acompanhar as postagens sobre os ‘clippers’ de Belém, fiquei curioso quanto a utilização do termo em inglês para designar um mobiliário urbano característico dos anos 50 e 60 em Belém e em outras cidades brasileiras (?). Uma pesquisa rápida indica que ‘clipper’ em inglês é o nome dado ao mais rápido navio a vela. Foi usado principalmente em viagens de longo curso no séc. XIX. Surgiu nos E.U.A., e tem como características o casco afilado, o grande comprimento e um número de velas muito maior que o dos demais navios de mesmo porte. Acredito que a utilização do termo tem referência a forma das pequenas construções inspiradas no barco citado, ou ainda nas linhas art decó, ou proto-modernistas. Com a palavra os historiadores da arquitetura…”
O BF, na pessoa do editor HB, lançou uma hipótese como resposta, passível de correção por parte dos internautas que possuam a informação comprovada:
“Zé Júlio:
Outra possiblidade para o nome CLIPPER, que se fosse considerada válida, garantiria a exclusividade do nome de nossas paradas antigas de ônibus, seria o fato de na década de 1930 surgir um hidroavião de casco capaz de transportar muito combustivel e ter autonomia de voo: era o CLIPPER; em alusão, claro, ao veleiro rápido, corsário.
Há modelos clássicos como o China Clipper, o Boeing 314 Yankee Clipper e o Sikorsky S-40.
Quem sabe se, pela modernidade e luxo da atividade de voar, os belenenses, que já conviviam com a Pan Air, não resolveram associar as formas das asas do hidroavião à tipologia das nossas paradas de ônibus, principlamente em relação à cobertura plana com chanfro boleado, e dar a elas um apelido, que pegou direitinho.
‘Em 2/3/1931, a empresa (Pan Air) inaugurou seu primeiro serviço para passageiros, entre Belém e Santos, uma vez por semana, com uma frota de três aviões Sikorsky S-38 e cinco Commodore – ampliada nos três meses seguintes para cinco Sikorsky S-38 e seis Commodore. A viagem entre Belém e Rio de Janeiro, pela costa, era efetuada em três dias.’ (http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0058a.htm).
Vejo isso como possibilidade porque os CLIPPERS ‘proto-modernistas’ da década de 1940/50, que se livravam do ‘art decó’ dos anos 1930, parecem assumir o desenho desses hidroaviões em outra interpretação (simplificada): as colunas de concreto das PARADAS inclinam-se como as estruturas das asas dos CLIPPERS que voavam e amerrissavam de verdade às proximidades do Ver-o-peso, no cais da Pan Air.
Mas, deixemos que a galera da teoria elucide essa questão, isto é apenas um chute de blog, sem pretensão acadêmica.
Abraço,
Haroldo.”
Se essas lucubrações tiverem algum fundamento, os zepelins parauaras da postagem Um Clipper do Ver-o-peso em 1957 e o design do CLIPPER de Icoaraci na década de 1960 passam a se inter-relacionar com a aviação, sinônimo de modernidade tecnológica atemporal.
Postscriptvm (o1/11/2014):
Acompanhe a evolução da pesquisa pelo SUMÁRIO que dá acesso às postagens sobre CLIPPERS até 24/10/2014.
Algumas informação contidas nesta postagem podem ter caído por terra em consequência da aparição de novos registros documentais.
Não fazemos nenhuma reparação nos textos originais, apenas colocamos esta nota ao final das publicações cobertas pelo período do resumo.
Aprendamos com os nossos erros.
Sempre me questionei disso. Gostei da tese de modernidade tecnológica atemporal.
Que multiplicidade de informações!
Parabéns ao Blog.
O professor José Júlio tem em parte razão, mas não devemos esquecer que antes da indústria aeronáutica entrar nas discussões dos “clippers” junto ao Blog, nós havíamos comentado (em conversa informal no LAHSA), que o termo certo seria, por extensão e aportuguesado (ou abrasileirado, ou ainda abelenzado???) “clíper”, tradução de “clipper-built”, cujo significado na indústria náutica é construído como um “clipper”, que na indústria da construção civil e na assimilação de arquitetos, engenheiros e construtores, seria aquele edifício projetado e construído na forma de quaisquer barco ou navio. Vamos neste momento lembrar as “chatas” e “gaiolas” a singrar os rios do Pará e da Amazônia e transformá-las em nossas paradas de ônibus e lotações. Será que foi essa a intenção dos nossos “Clípers”? Vamos então procurar o(s) autor(es) daquele(s) projeto(s).
Na indústria aeronáutica os hidroaviões grandes e rápidos adotaram a denominação de “clipper”=veleiro grande e rápido; faz sentido.
Quanto aos componentes dos sistemas estruturais, como pilares em “V” e lajes planas para passarelas e rampas utilizadas em projetos de clubes e residências de Belém, lembrar a febre de cópias e mimeses que se espalhou por todo o Brasil depois do projeto do Ibirapuera do Oscar Niemeyer executado em 1954, como parte das comemorações do IV Centenário da cidade de São Paulo.
Abs,
Professor Fabiano Homobono Paes de Andrade
FAU-ITEC-UFPA